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Soneto XXIX
Quando, perante os homens e a Fortuna,
Chorar o mal da minha condição,
Num pranto alto que o céu surdo importuna
Com meu destino e minha maldição,
E me quiser mais cheio de esperança,
Como este trajar e amigos possuir,
Daquele a arte, doutro a abastança,
Mais tenho o que menos posso fruir;
No desprezo que a mim voto, todavia,
Penso no vosso, e neste estado meu,
Como na alvorada ergue a cotovia
Da terra triste o canto em hino ao céu.
Pois é tão rico o vosso amor lembrado
Que nem p’lo dos reis troco o meu estado.
William Shakespeare
[Tradução de Manuel Portela, publicado no blogue Casmurro, em Nov. de 2005]
A eleição de Joaquim Barbosa como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) foi um dos factos mais importantes da vida política brasileira dos últimos anos. Não por ser negro; mas porque, com ele, pela primeira vez a Justiça brasileira enumerou as penas efetivas de uma série de políticos que, a partir do Planalto e do partido no poder (o PT), articularam um gigantesco esquema de corrupção — o mensalão. José Dirceu, o autor desse esquema, tentou mobilizar «a rua» para tirar eficácia às decisões do STF; em vão: na mesma altura rebentou o «Rosegate» (operação Porto Seguro), onde — mais uma vez — estão as assinaturas de Lula e de José Dirceu. Na sessão do STF de sexta-feira passada, o «intérprete» do PT no Supremo, Ricardo Lewandowski, chegou a declarar que «nem a Revolução Francesa» retirou os direitos políticos que o STF quer agora retirar ao bando que domina o PT e dominou o «governo Lula». Lula, claro, não sabia de nada. Mas, à medida que as decisões do STF forem sendo tomadas, mais investigações vão aparecer.
Leituras: Parábola, Ele foi apanhado. Também, Eles foram apanhados. O Cerco, O cerco, Cronologia.
Margarida Acciaiouli mostra, no seu livro Os Cinemas de Lisboa (Bizâncio), como os vários executivos camarários deixaram desaparecer as salas de cinema da capital (como o Condes, o Odéon, o Monumental ou o Império) – onde nasceram bancos, templos, escritórios ou centros comerciais. O problema é que «a nossa relação com o cinema mudou» e o negócio entrou em crise (mas as pipocas dão lucro), vencido pela especulação imobiliária. O público não diminuiu com o fim das salas comerciais – talvez elas desaparecessem devido à falta de público, a menos que se prolongassem apoios do Estado e das câmaras. Nem de propósito, a apresentação do livro é na terça-feira, no São Jorge; mas, ao contrário do que diz Acciaiouli, não é a única das «catedrais do cinema que resistiu». Não resistiu: é propriedade da Câmara.
Durante largo período do jogo, pareceu-me que a maior parte da equipa tinha tomado Xanax, e do XR, o mais forte. Ou alinhavam como repolhos «no belo tapete verde», ou falhavam a baliza do bravo Moreirense depois de marcharem pelo campo (tirando dois passes magistrais de James e outros dois de Moutinho). Há duas perspectivas sobre o assunto: 1) o FC Porto ganhou por 1-0; 2) depois do Braga e do PSG, está na hora de diminuirem a dose de Xanax. Em qualquer dos casos, Jackson soma e segue.
[Não sei se o Nuno era adepto do Roberto Baggio, que fazia pontaria aos braços dos defesas para «arrancar» penáltis; calhava-lhe bem o Alex Sandro, que devia jogar com as mãos atrás das costas.]
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