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O melhor do FC Porto neste jogo (com uma contabilidade de 8 faltas contra 26, a justificar o carácter predestinado de Benquerença) foram as declarações finais de Lucho González, el comandante. Um cavalheiro. Era favor apresentarem Lucho diante dos microfones no fim de todos os jogos; para explicar seja o que for, o seu porteño é melhor do que o português de serviço. Quem joga assim, explica-se melhor.
«Voltar a Milfontes este verão. Fascínio pelo rio, pelo mar, por esse momento em que não há rio nem mar, mas sim turbilhão, fusão. O rio diluindo-se no mar. A imensidão do mar guardando todos os rios.»
[…]
«Hoje devia estar aqui na Festa do Livro, mas faz calor e eu não me equilibro lá muito bem. Vou andando. Estou à espera dos exames. Vamos ver amanhã 2ª feira. Faço um grande esforço para escrever. Mas se não o faço não sei. Não posso. É tudo o que me resta é escrever, sobretudo à noite. Durante o dia tenho visitas e durmo, durmo sem fim — e tenho alucinações. Vejo tudo ao contrário.»
Al Berto, Diários. [edição de Golgona Anghel] Assírio & Alvim, 592 págs. Lançamento na próxima semana.
Dos nossos jornais desapareceu já o velho «editorialismo» de outros tempos que, além das matérias de primeira página, centradas na política, na «economia» ou em assuntos internacionais, se dedicava também à cultura, às «ideias» ou aos sinais recolhidos em pequenas histórias remetidas para as colunas menos visitadas. O The Daily Telegraph mantém o espírito, tanto quanto as suas páginas de obituários ou de jardinagem: um destes dias reservava um terço do seu espaço para um dos prazeres da «cinefilia popular» — e interrogava-se sobre como era possível James Bond, em Skyfall, começar a luta em cima do comboio calçando sapatos de atacadores e terminá-la com botins (elastic-sided boots), ou como podia o autocarro 38 (que pára em Picadilly) passar em Whitehall. Assuntos sérios.
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