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Na Ilha de Caras, Fernando Pessoa disse que está bem
mais leve depois que passou a ser um só.
“Além de mala, aquele Alberto Caeiro não pegava ninguém.”
No The Piauí Herald desta tarde:
LISBOA – Em pronunciamento que pegou de surpresa o mercado editorial, o poeta e investidor Fernando Pessoa anunciou ontem a fusão dos seus heterônimos. Com o enxugamento, as marcas Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro passam a fazer parte da holding Fernando Pessoa S.A. “É uma reengenharia”, explicou o assessor e empresário Mario Sá Carneiro, acrescentando que “de uns tempos para cá ficou claro que era preciso fazer um streamlining na nossa operação se quiséssemos sobreviver num ambiente poético cada vez mais competitivo.” Pessoa confessou que a decisão foi tomada “de coração pesado”, mas o seu CFO não lhe deu alternativas. “Drummond sempre foi um só. A operação dele é enxutinha. Como competir?”, indagou. O poeta chegou a pensar em terceirizar os heterônimos através de um call-center em Goa, mas questões de gramática e semântica acabaram inviabilizando as negociações. “Eles não usam mesóclise”, explicou Pessoa.
A notícia dividiu o mercado editorial. Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras, disse que a eliminação dos heterônimos ajudará a diminuir os custos de marketing: “O brasileiro médio sabe quem é Fernando Pessoa. Mas as marcas Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro nunca chegaram a se firmar.” Já a Central Única dos Poetas, sindicado ligado à CUT, declarou, em nota, que a medida é “mais um exemplo da brutalidade do mercado”, e confirmou para amanhã uma greve de 48 horas, na qual nenhum poeta fará rimas e Gilberto Gil dirá coisas compreensíveis.
Mario Sá Carneiro declarou que, uma vez consolidada a fusão, a holding Fernando Pessoa S.A. pretende adquirir as marcas T. S. Eliot, Albert Camus, Jean Paul Sartre e Friedrich Nietzsche. “E claro, no futuro, se tivermos bala, toda a obra poética de José Sarney.”
Imagens das Grodrej indianas, que deixaram de ser fabricadas.
Arturo Pérez-Reverte faz aqui o elogio fúnebre da máquina de escrever depois do anúncio do encerramento da última fábrica do mundo, a Godrej & Boyce, de Mumbai/Bombaim. As Godrej começaram a ser fabricadas logo depois da independência, como um símbolo da nova Índia industrializada e, ao longo da sua história, produziram modelos para 40 línguas diferentes. Acabaram. Mas, calma!, há ainda uma última fábrica de máquinas de escrever que resiste ao digital: trata-se da Swintec, de New Jersey, que ainda fabrica sistemas eléctricos para «margarida»
e que por 209 dólares apresenta no seu catálogo este modelo transparente (as Clear Cabinet, em versões New York State, Michigan e Washington State, entre outras — a mais cara é a 2600CC Clear Cabinet Electronic, cujo valor anda pelos 500 dólares); esta é a mais barata de todas:
Um dia ainda veremos alguém festejar o «aparecimento» de um novo tipo de computador, que «faz um print» ao mesmo tempo que se escreve.
São já centenas, centenas, as imagens recolhidas pelo Miguel (livreiro, e dos bons, em Portimão) no seu blog O Silêncio dos Livros — dedicado apenas a isto: mostrar imagens da leitura.
Cheguei a estas imagens, recolhidas pelo Manuel Bívar, através do blog da Helena Ferro Gouveia. Anúncios guineenses.
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