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Algum dia teria de acontecer — e logo numa quinta de agricultura biológica. Parece que, até agora, as suspeitas acerca do E.coli recaem em amostras que têm sido porta-estandarte da dietética moderna e da «cozinha ilustrada»: pepino, rebentos de soja, beterraba, rebentos de vegetais usados em sanduíches. Sim, faltam a rúcula-bebé (num documentário, Amyr Klink diz que a melhor é que se colhe, selvagem, nas redondezas dos cemitérios) e as flores comestíveis, mas há uma ameaça qualquer.
As tarefas. António Barreto sobre as coisas simples: «As democracias, em geral, não são derrotadas, destroem-se a si próprias. […] Que sejam capazes, como não o foram até agora, de dialogar e discutir entre si e de informar a população com verdade.»
E isto: «Os portugueses merecem ser tratados como cidadãos livres, não apenas como contribuintes inesgotáveis ou eleitores resignados.»
E só para vos fazer inveja: o novíssimo romance de Fernando Sobral, Ela Cantava Fados, mal Julho dobre para Agosto. E o novo livro de J. Rentes de Carvalho, notai bem, Os Lindos Braços da Júlia da Farmácia, na mesma altura.
Ontem, o Sol avançava com a notícia de que o ex-primeiro-ministro poderia ocupar os próximos anos a trabalhar para a área dos pretróleos e cimentos brasileiros; o gabinete do PM desmentiu com uma linha, e não era obrigado a mais. Hoje, o Expresso anuncia um ano sabático «dedicado à filosofia» em Paris; o ex-primeiro-ministro diz que se trata de assunto da sua vida privada e que «não há nenhum interesse público nisso», relembrando que «os jornalistas deveriam concentrar-se no jornalismo e não na mexeriquice». De facto; um ano de filosofia não é suficiente para falarmos de vida académica.
P.S. - Pessoalmente, não acho de somenos importância «o que vai fazer nos próximos tempos» um Presidente ou um Primeiro-Ministro e tenho dúvidas de que se trate de matéria exclusivamente privada. Nos EUA, os presidentes anunciam os planos para «os próximos tempos» (gerir uma fundação com o seu nome, dedicar-se ao ensino e ao circuito de conferências, por exemplo, mas nunca aos negócios), tal como no Brasil se discutiram os mesmos planos de FHC e de Lula – FHC partiu para a vida académica (aulas em Providence, conferências, arrumar os papéis da sua fundação) e Lula para «ganhar dinheiro durante um ano» e «depois voltar».
O processo de Cavaco Silva contra Miguel Pinheiro assenta num equívoco que qualquer linguista pode esclarecer. E que qualquer político teria o dever de contextualizar. Além do mais, depois dos «anos Sócrates» e dos sucessivos processos que o ex-primeiro-ministro manteve contra jornalistas (perdendo-os todos e ainda a procissão vai no adro), não é sensato usar dez linhas da Sábado como exemplo. O mal está feito, o que é uma pena.
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