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Sempre me angustiou (é um pouco forte, eu sei) a obrigatoriedade de ter alguém a apresentar um livro de outra pessoa. Há autores que sabem falar do seu livro; outros não podem falar, ou não sabem falar, ou não querem falar (até por lhes faltar a paciência). As sessões de lançamento são, por isso, mais ou menos regidas por esse cânone: editor fala e agradece, apresentador apresenta, autor agradece e fala. Há variações, evidentemente. Um livro meu foi apresentado por um amigo que garantiu que o não tinha lido, o que é de uma honestidade desarmante e fatal. Às vezes há continuação da «festa», o que tanto pode exigir a presença de declamadores, recitadores e leitores em voz alta, como de corais alentejanos ou de um quarteto de cordas – acho que um quarteto de cordas é aceitável, mas o resto é despropositado a menos que se trate de um «sarau». Há casos, no entanto, em que a melhor pessoa para apresentar o livro é o autor, ele mesmo e sozinho, falando sobre o processo de escrita (uma curiosidade atraente), sobre um personagem ou sobre um tema (o tema) ou, inclusive, lá está, sobre o livro. Por isso, gosto da coragem de Richard Zimler, que irá apresentar o seu próprio livro, no dia 9, às 18.30, no El Corte Inglés de Lisboa. Richard vale por tudo.
Mas Madame Bovary, ou seja, Dona Bovary, à portuguesa, também foi à Feira do Livro. Só que com outras intenções.
P.S. - Julian Barnes escreveu O Papagaio de Flaubert; este blog dedica-se a Bovary.
Luís M. Jorge visitou a Feira do Livro: «Ontem à noite, na Feira do Livro, encontrei semelhanças úteis entre o mercado editorial e o da produção e comércio de vinhos. Chamo-lhes úteis porque talvez possam iluminar as estratégias dos seus operadores.» A ler com atenção, sobretudo pelos «operadores».
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