Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Lembram-se do candidato egípcio a director-geral da Unesco que Portugal apoiou? Leio que está em prisão domiciliária. São os infortúnios da virtude. Pobre diplomacia.
100 números. 100 edições. 24 anos. Um número especial com uma entrevista com George Steiner.
Já nas livrarias, o novo livro
de crónicas do Dr. António Sousa Homem
«A minha sobrinha Maria Luísa, que vota esporadicamente no Bloco de Esquerda quando as eleições não a afastam da praia, em Moledo, desencantou-se com a pedagogia e berrou com os dois filhos, proibindo-os de ver televisão. ”Veja lá, não os traumatize”, murmurou Dona Elaine, que não desviou os olhos da revista espanhola onde aprende o essencial sobre o high-society do Mundo. Ela é a governanta da casa de Moledo, onde a família se reúne aos domingos para o almoço familiar. Sabe pouco de pedagogia mas aprende os rudimentos da vida contemporânea com os diálogos das telenovelas portuguesas.
Maria Luísa compreendeu a ironia da observação. Dona Elaine, sim, estava traumatizada porque os rapazes cavaram trincheiras em redor dos canteiros das tulipas (a sua flor preferida, tirando as japoneiras), cujas pontas rebentaram na semana passada. ”Eu quero lá saber dos traumas, vou interná-los num colégio ou enviá-los para adopção.“
“Fico à espera”, respondeu a governanta. Ela sabe que o velho Doutor Homem, meu pai, que odiava os gladíolos e lírios brancos do jardim de Ponte de Lima, dava — aos filhos e sobrinhos — dez tostões por cada rebento arrancado e destruído. Manteve-se sempre na clandestinidade, deixando-nos ao arbítrio das coisas e enfrentando um julgamento por banditismo botânico.»
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.