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Cricas e Fura-Pitos.

por FJV, em 12.02.11

Só isto dava um romance.

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Naves.

por FJV, em 12.02.11

No meio de umas semanas distraídas, nem houve tempo para mostrar a bela capa de um belo livro, o de Luis Naves. O Pedro Mexia disse o que havia a dizer na sessão de lançamento, e o João Villalobos disse o que havia a dizer num post de primeira. Antes disso, no entanto, o Luís Naves escreveu o que havia a escrever — o livro prova-o.

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Eu censuro-te, mas só ao de leve.

por FJV, em 12.02.11

Para que serve uma moção de censura? Para censurar, repreender, vituperar (eu gosto muito do dicionário dos fenianos e do da Tertúlia Edípica), improperar, pelejar, advertir, increpar, mas também condenar, desaprovar, satirizar, prasmar, açoitar, caluniar, admoestar, acusar, abocanhar ou, vá lá, verberar, reverberar e zagunchar. Tudo coisas que cabem na cabeça de um filólogo e que emprestam alguma graça à cabeça de um parlamentar. Por isso, uma semanas depois das presidenciais em que o Bloco apoiava Manuel Alegre, que era apoiado pelo PS, esta moção de censura é uma espécie de despedida ao candidato presidencial, agora que ele ja não serve. Pobre Manuel Alegre que, se já só servia para lançar a Cavaco, agora nem para memória tem utilidade. Também pode ser vista (a moção) como um acto de contrição: apoiámos «o candidato do PS» mas calma lá, aqui está a prova de que não apoiamos «o partido do candidato que apoiámos». Claríssimo; é uma moção para consumo interno, para satisfazer o eleitorado mais duro do Bloco, que teria ficado chocado com este andar de braço dado com o inimigo. Compreende-se. Louçã (com o seu apuradíssimo sentido sobre a utilidade das moções de censura), aliás, advertiu logo do que se tratava — era uma moção contra o governo mas também contra o PSD, a direita, o PCP (necessariamente), a couve roxa, o regresso da filoxera, os pepinos em conserva, os filmes de Zefirelli, Moubarak, a pesca do atum, a política económica, Júlia Pinheiro e Hannah Montana. Era, portanto, uma espécie de expiação pública, como disse José Manuel Pureza, à maneira de um professor de Coimbra: «esta moção em concreto, com aquilo que ela vai ser do ponto de vista da análise que leva a esta censura, tornaremos muito claro, e quero dizê-lo sem qualquer equívoco» (juro que foi isto, estou a citar). Traduzir-se-ia desta forma: nós apresentamos uma moção de censura contra o governo (para ver se ele cai, quem sabe) mas não esperamos nem queremos que seja aprovada (porque não queremos que o governo caia); não liguem: é uma coisa entre nós, para reequilibrar os nossos complexos de culpa — ou seja, censuramos o governo mas ficamos lixados se a direita e o PCP nos apoiarem. No fundo, apresentamos a moção só para vejam que somos de esquerda. É ao de leve, compreendam. Nós íamos lá fazer uma coisas dessas ao governo. Aliás, um dos nossos objectivos é, «em concreto, com aquilo que ela vai ser do ponto de vista da análise que leva a esta censura, tornaremos muito claro, e quero dizê-lo sem qualquer equívoco» (fiquei com esta frase), impedir outras moções de censura que tenham como finalidade, digamos, censurar o governo. Quem é amigo, quem é?

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Xeque-mate.

por FJV, em 12.02.11

Sem ademanes, como se impõe.

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Acasos, 39. The White Stripes.

por FJV, em 11.02.11

 

The White Stripes, «I Just Don’t Know What To Do With Myself»


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Papel ao vento.

por FJV, em 09.02.11

A Waterstone's de Dawson Street, Dublin

 

A mítica livraria Waterstone’s de Piccadilly Circus, em Londres, vai deixar de ser livraria – ocupando a maior parte do seu espaço ficará um cinema. Ao mesmo tempo, a Waterstone’s fecha 11 lojas, incluindo as duas de Dublin (a histórica, de Dawson Street), a de Cork e de Drogheda, e prepara-se o encerramento de mais 10, além de outras 10 HMV (as Waterstone's de Maidenhead e de Edimburgo tinham já encerrado as portas em Dezembro). Nos EUA, a cadeia de livrarias Borders prepara-se para dizer o adeus definitivo. A culpa é do livro digital? Não apenas. É sobretudo de uma gestão virada para o “capital financeiro”, que acreditava que podia vender livros da mesma forma que venderia produtos de limpeza, e que poderia impingir eternamente subprodutos infames. Como estava escrito há muito, o livro vingar-se-ia dos seus algozes ignorantes – mas, infelizmente, é um mundo que, tal como se anunciava, termina os seus dias deixando um rasto de desemprego, de desolação e de culpa. É assim.

[Adaptado da coluna do Correio da Manhã]

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Dean.

por FJV, em 09.02.11

James Dean completaria hoje [ontem] 80 anos. Como seria hoje o ator de Fúria de Viver/Rebel Without a Cause, ou de A Leste do Paraíso? A imagem que conservamos da sua beleza, da sua melancolia, de um olhar vago e indeciso, de certa androginia – seria ela prolongada em outros filmes ou, consoante os argumentos, procuraria outros caminhos? Esses aspetos esconderiam outros, mais dramáticos, mas o Jim Stark que ele interpreta no filme de Nicholas Ray ficará como emblema de uma desilusão banal sobre o mundo em que os gangues delimitam o pátio da adolescência. Mas em A Leste do Paraíso, de Elia Kazan, anterior, é John Steinbeck puro – vida dura e difícil, sem complexos nem torturas psicológicas. Seja como for, James Dean teria hoje 80 anos. Poderia ter envelhecido e tornar-se mortal.

[Da coluna do Correio da Manhã]

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Melros nas oliveiras.

por FJV, em 07.02.11

Acho graça às mais altas auctoridades em matéria sociológica que, de repente, descobrem que a ideia que têm «da imprensa de referência» não coincide com o país, propriamente dito. Chego a isto por uma passagem do post do Henrique Raposo («Este tema não pode continuar a ser apenas do Correio da Manhã. Este tema tem de saltar para a imprensa dita de referência. Portugal não é um país de brandos costumes.») sobre a violência doméstica. Metade do país constitucional (estamos no século XIX, bem vistas as coisas, e tudo o que não passa no Chiado, na Havaneza, no Grémio, é como se não acontecesse), ou talvez mais, descobriu que não somos um país de brandos costumes. Ora, a questão é velha. Durante o regime do dr. Salazar não havia crimes na imprensa, a menos que os facínoras fossem mesmo facínoras; se não havia crimes, não havia páginas de crimes; se não havia páginas de crimes, não havia literatura policial. Os autores de policiais, portugueses, chamavam-se Ross Pynn, Frank Gold, Dick Haskins (Roussado Pinto, Fernando Campos, Andrade Albuquerque), por exemplo. O país constitucional (regeneradores, históricos, progressistas), por outro lado, abomina a violência. Os seus representantes nas cadeiras do pensamento, nas conferências de S. Vicente de Paula, do Casino ou do Grémio, atribuíam isso ao Correio da Manhã, esse albergue de suculentas cabidelas onde o sangue não coagulava de página para página, «que horror, é só sangue, que horror» — mesmo que fosse na casa ao lado. Quando se deu «o crime do Meia Culpa», algumas consciências desgrenharam o chinó mas só de passagem; era uma coisa de província, em Amarante, que horror, que horror, deve ser do vinho verde, lá onde há melros a saltitar de oliveira em oliveira, cotovias e cucos entre amendoeiras a florir, camponeses e comerciantes a jogar à bisca debaixo das pontes, com as famílias ao lado, a dar conta dos farnéis. Violência é na Espanha, que são sanguinários; crimes é na imprensa internacional — os nossos não têm categoria, só vêm no Correio da Manhã. Tiroteios em bairros problemáticos não são crimes, são explosões sociais; vizinhos esfaqueados, adolescentes baleados, maridos que matam mulheres no meio da rua a tiro de caçadeira ou à catanada, sogros que estouram a cabeça de ex-genros (foi anteontem, desculpem lá), ex-maridos que esventram ex-mulheres, miúdos do liceu que esquartejam miúdos de liceu, que horror, que horror, isso é do Correio da Manhã, a nossa imprensa fala de alta sociologia (essa mistura aprazível de socialismo com astrologia), de temas fracturantes, de beleza pura, de arquitectos que vão para o emprego e dividem o carro com uma médica e um psi, de bons alunos que sofrem de stress pré-escolar. E, no entanto, só no Verão, cerca de cinquenta homicídios varreram o país, com as mais altas auctoridades de sociologia em férias, tratando por epifenómenos toda essa bandalheira, reservando a violência doméstica para o capítulo dos crimes políticos, cometidos por facínoras da Legião Estrangeira que retalham esposas na alcova nupcial. O pai que mata o filho com uma caçadeira comprada a uns bandoleiros de Idanha-a-Nova, o marido que vai à feira de Boticas aprazar uma pistola para desfazer o cunhado que está a chegar de França, o marido abandonado que vai esperar a ex-mulher à travessa nas traseiras de casa e depois mete o cadáver no porta-bagagem e o rega com ácido num descampado. Isto não lhes interessa? A mim também não. Os sociólogos do constitucionalismo, para manterem a sua estabilidade emocional em regra, preferem que os crimes de violência doméstica sejam politizados e que não apareçam nas páginas de crime, conspurcados e a meio gás. Acontece que os crimes de violência doméstica são o resultado desta pureza de sangue; casamentos que não se discutem, filhos a quem se permite tudo, mulheres trucidadas por famílias funcionais e por ideias disfuncionais, álcool a rodos (ai, a Direcção-Geral de Saúde!), falta de dinheiro, desemprego, emprego a mais, telenovelas, sangue na estrada, miséria no lar, mau sexo e maus hábitos, machismo mariola, machismo filho da puta transmitido de pais para filhos e de mães para filhos. Escusam de vir com o assunto para a primeira página, como se nunca lá tivesse estado e tivessem sido pioneiros – esteve, mas noutros jornais, ai que horror, que horror, é o Correio da Manhã, que horror. Há namorados que dão cargas de porrada a namoradas, para as educar desde cedo e as meterem na ordem logo no princípio – e elas não se revoltam nem lhes enfiam um balázio nos joelhos, aparecem com olhos negros e o cabelo a tapar nódoas negras. Há mulheres de meia idade que apanham surras e continuam a pagar as contas em casa. Há mulheres jovens que aceitam um estaladão e não respondem com um taco de basebol na virilha. Que horror, que horror, é a violência doméstica, vamos legislar contra a violência doméstica, que bom, e fazer mais duas comissões, e uma marcha de solidariedade, que bom, e mais uma lei, que bom, vai ser tão bom. Cumpram a lei (exijam que se cumpra a lei e que não façam dela uma excepção, mais uma, com alíneas e dúvidas e contratempos), envenenem os maridos que vos batem, castrem os namorados que vos tratam mal, abandonem os lares, deitem-lhes azeite a ferver por cima, ponham-lhes laxantes na sopa, chamem a polícia em altos gritos, exijam que os tribunais sejam mais rápidos, criem uma colónia penal cheia de mosquitos, façam macumba para eles ficarem sem tesão, troquem-lhes os medicamentos da hipertensão, eduquem as vossas filhas e ensinem-lhes a usar a inteligência e o varapau em doses idênticas — mas, sobretudo, não me venham com o nhe-nhe-nhem, nhe-nhe-nhem, e tal, e a violência doméstica, e vamos legislar. Sou pela acção directa: lei e prisão e nomes publicados no adro da igreja, e divórcio compulsivo e obrigatório. E não me venham com sociólogas e sociólogos que não sabem distinguir entre sadomaso e humilhação. E leiam o Correio da Manhã; está lá o país. Podem não gostar dele, está bem, mas foda-se.

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Demonologia.

por FJV, em 07.02.11

No final desta peça, estão «os sete pecados mortais do PS», segundo Ana Benavente. É um assunto interno, evidentemente; mas enfim, nada que não se saiba cá fora.

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A volatilidade dos mercados.

por FJV, em 04.02.11

Tal como o Filipe, eu fico surpreendido com a quantidade de jornalistas e de militantes de causas internacionais (e não me refiro a funcionários da Internacional Socialista) que, de repente, descobre qualidades de facínora em Mubarak. Anwar el Sadat, eu sempre perceberia. Mas temo que o revisionismo chegue mais longe e que Nasser não esteja a salvo. Tudo é possível. Agora que no Irão já se saúda «a revolução islâmica» em curso, começo a compreender. Mas, caramba, há menos de um ano Mubarak era uma barreira contra o mar Vermelho. É a volatilidade dos mercados ideológicos.

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Onde está a felicidade?

por FJV, em 04.02.11

Pelo correio uma pessoa recebe um exemplar de Onde Está a Felicidade?; é uma daquelas edições. Daquelas que comove. A minha pequena camiliana aumenta um nadinha; mas a comoção é maior. Obrigado.

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O cantinho do hooligan. Flippers.

por FJV, em 03.02.11

Ontem fiz os comentários ao FC Porto-Benfica em directo, no Público, com Miguel Esteves Cardoso; foi uma experiência muito agradável sobretudo pelas ostras. Detesto o fair play nestas condições, mas o essencial é isto: a nova técnica do FC Porto para jogar com o Benfica resume-se a dois pontos essenciais: 1) conceder o maior número de buracos possíveis na defesa e, 2) experimentar jogar flippers lá à frente, a ver se acerta, ou no boneco ou no buraco (lamentavelmente, não acerta em nenhum deles), enquanto os lampiões faziam três remates e dois golos. A equipa parecia uma Tuna académica sem primeiro nem segundo pandeireta. De resto, e por absoluta gentileza, desde que Coentrão foi expulso, o FC Porto passou a jogar apenas com oito jogadores movidos a Xanax. Assim sendo, é todo um novo projecto futebolístico que se desenha para os adeptos do FC Porto, que já perceberam por que razão Falcao é o melhor e mais decisivo jogador do FC Porto, mesmo quando não marca.

 

P.S. - Parece que um grupo de palermas, não satisfeito com a abada que a equipa levou e inconformado com os problemas de disfunção eréctil de que padece, foi para a auto-estrada apedrejar o autocarro lampião. Já era a altura de alguém, do clube, tratar do assunto.

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Senhores passageiros.

por FJV, em 02.02.11

Abençoado dinheiro público. O aeroporto internacional de Beja começará a receber turistas britânicos já a partir de abril ou maio; de Heathrow, hordas de ingleses e de outros curiosos invadirão a planície em voos ‘charters’ e não darão descanso aos melros, que agora saltitam de sobreiro em sobreiro, entre perdizes e cotovias. Beja tem muito que ver e é uma pena que os portugueses não conheçam os seus monumentos e a sua arte sacra (já não falo da gastronomia); muitos desses turistas partirão para as praias, para as barragens, para montes sossegados e isolados onde ouvirão melodias campestres e bucólicas sobre as cegonhas brancas, ou então para o porto de Sines embevecer-se diante da petroquímica. Vai ser, estimo, uma revolução cultural milionária no coração do Alentejo.

[Na coluna do Correio da Manhã]

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Transportes & comunicações.

por FJV, em 02.02.11

As pessoas fazem descobertas fantásticas: «Dos 231 milhões de viagens de comboio realizadas em 1988, passou-se para 131 milhões em 2009, uma redução de 43 por cento», escreve-se no Público. Umas dezenas de marretas andaram, desde a década de noventa, a alertar para o asfaltamento crescente da pátria — hoje, quem percorre a A17 ou metade da A8 até à A17, fica surpreendido com a ideia de fazer uma nova auto-estrada entre Lisboa e o Porto. A nossa orografia, assinalada desde há décadas pelas linhas ferroviárias, é hoje um pantanal destruído pelo excesso desse recurso fácil às obras públicas como instrumento «para a criação de emprego» (temporário, mau, e pobre) e «de riqueza» (para as grandes companhias), associado à indústria de camionagem e transporte rodoviário (em crise devido ao preço dos combustíveis). O que é assustador é, além disso, o fio da navalha em que tudo isto está; recuperar as velhas vias férreas históricas parece impossível diante das «obras em curso» a esventrar montanhas e a semear viadutos caros em aldeias sem população que se veja. Ah, Camilo, quem te dera a ti um comboio que fosse, a substituir a pobre liteira.

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Cairo: um Verão que não voltará.

por FJV, em 01.02.11

 

Para quem quer compreender mais um pouco do que se repete e se joga nas ruas do Cairo, ler este livro: Como Um Verão Que Não Voltará, de Mohamed Berrada — o rumor da cidade, o nacionalismo árabe, a esperança de recuperar a antiga glória na criação de um estado moderno, modelado na liberdade e na justiça. E, no centro de tudo, o Cairo, a cidade infinita, cheia de gritos, risos, confissões.

«Quando fala, onde se deve posicionar o intlectual árabe preocupado com os problemas da cultura e da democracia?» […] «Em mais de um país árabe, essa violência ocupa o terreno dos discursos extremistas e das reinterpretações passadistas, impondo aos cidadãos uma tutela que tolhe os seus movimentos e aspirações, e de onde resulta uma assustadora bipolarização: de um lado, regimes que perduram pela força e porque mantêm os media à rédea curta; do outro, um terrorismo que se reproduz em organizações cuja finalidade é a destruição e a imposição de uma tutela reaccionária aos cidadãos. Esta situação de crise obriga os intelectuais a um reexame das suas relações com a história moderna, a política e os fenómenos sociais cujas expressões se enraízam na religião e na cultura. Os textos e as tomadas de posição dos intelectuais árabes a favor das luzes, da libertação e da democracia deixaram de ter sentido. O campo cultural egípcio parece-me a própria imagem dessa eficácia corrompida.»

 

«Ela tem direito a mudar e a passar de uma posição a outra, pensou Hammad, mas isso não apagará da minha memória aqueles momentos mágicos na universidade do Cairo. Ainda bem que o homem pode renunciar aos seus sonhos utópicos, mas não pode apagar das memórias os momentos em que os exprimiu.»

 

[Tradução, do francês, de Ana Cristina Leonardo. Quetzal.]

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