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Para quem quer compreender mais um pouco do que se repete e se joga nas ruas do Cairo, ler este livro: Como Um Verão Que Não Voltará, de Mohamed Berrada — o rumor da cidade, o nacionalismo árabe, a esperança de recuperar a antiga glória na criação de um estado moderno, modelado na liberdade e na justiça. E, no centro de tudo, o Cairo, a cidade infinita, cheia de gritos, risos, confissões.
«Quando fala, onde se deve posicionar o intlectual árabe preocupado com os problemas da cultura e da democracia?» […] «Em mais de um país árabe, essa violência ocupa o terreno dos discursos extremistas e das reinterpretações passadistas, impondo aos cidadãos uma tutela que tolhe os seus movimentos e aspirações, e de onde resulta uma assustadora bipolarização: de um lado, regimes que perduram pela força e porque mantêm os media à rédea curta; do outro, um terrorismo que se reproduz em organizações cuja finalidade é a destruição e a imposição de uma tutela reaccionária aos cidadãos. Esta situação de crise obriga os intelectuais a um reexame das suas relações com a história moderna, a política e os fenómenos sociais cujas expressões se enraízam na religião e na cultura. Os textos e as tomadas de posição dos intelectuais árabes a favor das luzes, da libertação e da democracia deixaram de ter sentido. O campo cultural egípcio parece-me a própria imagem dessa eficácia corrompida.»
«Ela tem direito a mudar e a passar de uma posição a outra, pensou Hammad, mas isso não apagará da minha memória aqueles momentos mágicos na universidade do Cairo. Ainda bem que o homem pode renunciar aos seus sonhos utópicos, mas não pode apagar das memórias os momentos em que os exprimiu.»
[Tradução, do francês, de Ana Cristina Leonardo. Quetzal.]
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