Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Sinto-me sempre assim, na hora dos crepúsculos, na hora das mudanças de ano.
Dia 1 de Janeiro, fim de tarde. Isso sim. O mundo não mudou
só por mudar de ano; mas a imagem era esta.
Um ano de Cortex Frontal e seis de Da Literatura. Por razões diferentes, dois blogues de leitura diária.
Boaventura Sousa Santos descobriu-a, a propósito do Wikileaks: «O WikiLeaks tem algumas debilidades. Uma que é conhecida é que Israel foi poupado. Toda a gente esperava que, havendo uma libertação de documentos, Israel fosse o país mais embaraçado.» Ora aí está. Como é que isto foi acontecer?
Espanta-me muito que os responsáveis da Saúde, as sras. Auctoridades, tão ocupadas agora a meter-se entre gente adulta, proibindo-as de almoçar onde querem, se querem fumar depois de almoço sem incomodar ninguém, se querem seja o que for, não tivessem antes trabalhado esta vergonha. Destaquem, pois, a ASAE para as discotecas e bares que servem shots a 1 euro a pré-adolescentes de 12 e 13 anos, que vendem «absinto» a alunos das secundárias e vinho em garrafas de plástico a miúdos que saem para ir ao cinema; há muito exemplos. Quando vivi na R. das Janelas Verdes por uns meses, entre a barulheira infernal das quintas e sextas à noite (um país de merda, improdutivo e sacana, que regista as quintas-feiras como um dos dias mais noctívagos da semana...), havia agentes a prestar segurança à porta de bares onde se vendia álcool a miúdos que, daí a meias-horas, estavam caídos no passeio, entre vómito e gente a perguntar pelos seus filhos. Nessa altura escrevi bastante sobre isso. Estava indignado, mas o que estava na moda era proibir o fumo. Apoiei a lei do tabaco como ela está, por ser sensata, moderada, e por assegurar que nenhum não-fumador seria obrigado a fumar os cigarros e charutos dos outros. Dois ou três anos depois, já não sei, os mesmos burocratas que não se importaram com as denúncias sobre o alcoolismo juvenil e pré-adolescente, preparam-se para agravar a lei do tabaco, o grande objectivo das suas vidas. Bom ano.
Na foz do Rio Minho
Com as mãos na água fria era melhor.
Tu largavas a vela e o mar cobrava
De ondas mansas a barca sem motor.
Eu tinha o medo que a alegria dava
Ao teu quase francês e ao meu espanhol
Que a nenhuma das línguas namorava.
O monte de Santa Tecla e em baixo o Forte,
Eremita mirabndo as laranjeiras
Das abras Norte e Sul e Sul e Norte.
Tu sol a pino eu senhor do croque
Que com um seco raspar de unha
Batia as margens sóbrias da Corunha.
Mário Cesariny, Manual de Prestigiditação
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.