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Salvar o mundo.

por FJV, em 14.12.10

De facto. Gente enjoativa que quer salvar o mundo. Têm soluções para tudo: o consumo excessivo de água e as florestas do Peru, o sistema rodoviário e o sexo em decadência. Já não têm nenhuma marca da generosidade antiga, aquela que vem de desejar uma solução, várias soluções, um caminho diante do abismo. O que importa é apresentarem-se como seres superiores que mostram aos outros que, na verdade, eles sim, são misantropos, misóginos, perfeitos, capazes de tudo. Uns merdas.

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WikiWiki.

por FJV, em 14.12.10

Os meus dois cépticos da ordem escrevem sobre o Wikileaks e eu respondo-lhes:

 

John Le Carré, isso mesmo. Leiam John Le Carré. Em O Venerável Espião, George Smiley vê-se a braços com a destruição de todo o sistema de espionagem britânico, depois de Haydon e Ann terem sucumbido e de, cada um à sua maneira, o terem traído. De um dia para o outro, fontes, circuitos de informação, telegramas secretos, nomes de espiões – tudo é posto a nu pelos soviéticos e, por isso, é necessário “começar de novo”. Na época não existia Wikileaks. Ao longo do tempo, Smiley vai reconstruindo o sistema, recuperando os seus agentes, restabelecendo as suas fronteiras. E, nos outros livros, Le Carré (mesmo no mais recente), conta histórias wikileaks. Isto há-de parecer-vos teoria da conspiração a  mais, mas imaginem, por um instante, que nos dias de hoje convinha “começar de novo” todo o sistema de informações. Nada melhor do que destruir a honorabilidade e os segredos que até então estavam aparentemente guardados a sete chaves, mas que eram relativamente pecaminosos (nada de grave acontece realmente nos EUA, mas nos aliados europeus vão caindo pássaros aqui e ali, os árabes vão levando e apanhando, alguns estados-párias são denunciados, brincadeiras de cocktail de fim-de-tarde são denunciados para gozo dos que acham que a grande política é sobretudo a grande blague). Aí está uma forma muito inteligente de “começar de novo” e com a alegria colaborante do “inimigo”. Nada que não se aprenda nos livros de espionagem.

(adaptado da crónica do Correio da Manhã)

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