Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O extraordinário apedeuta, que chegou a querer expulsar jornalistas do seu país ou estabelecer um módico de censura à imprensa e à tv, está solidário com a Wikileaks.
Na reforma da legislação laboral não está incluído nenhum artigo sobre despedimento de gestores incompetentes que arruinaram empresas públicas ou negociaram mal as parcerias público-privadas.
A «ideia» de que a libertação de Sakineh Mohammadi-Ashtiani, condenada por lapidação no Irão, é uma derrota para os amigos de Israel, é uma bravíssima tonteria. O que está em causa não é Israel; é a lapidação de Sakineh Mohammadi-Ashtiani.
Alegre não resistiu à tentação. Houve quem fizesse apostas — e acaba de perder, contra toda a hipótese de bom-senso. Ele «sabe quantos cantos tem Os Lusíadas». Tamanha competência (é a linguagem da moda) talvez não faça de Manuel Alegre um melhor candidato; faz dele, de certeza, um melhor concorrente ao «Quem Quer Ser Milionário».
Este hábito de recorrer a Os Lusíadas para mostrar um patriotismo inexcedível não destrói apenas a sua reputação política; é, também, um ataque ao coração do poema, a epopeia mais politicamente incorrecta do Ocidente, impróprio para entrar em campanhas e para falar de cidadania.
Seja como for, aqui lhe dedico um magnífico soneto do vetusto Abade de Jazente (1719-1789), cheio de recordações amarantinas:
«Brutos penhascos, rústicas montanhas,
Medonhos bosques, hórrida maleza,
Que me vedes, coberto de tristeza,
Saudoso habitador destas campanhas.
Para me suavizar mágoas tamanhas,
Alteremos um pouco a Natureza;
Civilize meu mal vossa dureza,
Barbarizai-me vós estas entranhas.
Meu pranto vos comova algum afecto
De branda compaixão; pois da impiedade
Encontra sempre em vós um duro objecto.
Pode ser, que com esta variedade,
Seja mais agradável vosso aspecto,
Sinta eu menos cruel minha saudade.»
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.