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Arturo Pérez-Reverte chamou «perfecto mierda» ao ex-ministro dos estrangeiros espanhol, Miguel Ángel Moratinos: «Se es un mierda cuando uno demuestra públicamente que no sabe irse. De ministro o de lo que sea. Moratinos adornó su retirada con un lagrimeo inapropiado. A la política y a los ministerios se va llorado de casa. Luego Moratinos, gimoteando en público, se fue como un perfecto mierda.» O comentário inicial de Arturo, no seu twiter, foi «Vi llorar a Moratinos. Ni para irse tuvo huevos.» Logo uma gigantesca onda de indignação se levantou contra o escritor, lembrando-lhe o passado de incorrecções — malcriado, deselegante, facha, o costume em gente tão elegante e preciosista no uso do dicionário da Real Academía. Foi então que Reverte explicou, como está a abrir este post. Hoje, os grupos parlamentares deram nas orelhas a D. Arturo, mas já antes vários grupos mais atentos, e munidos de léxico de sociologia, lhe tinham chamado machista por ter criticado alguém que chorava depois de ter sido despedido por Zapatero, o homem de plasticina. Hoje, houve mesmo um parlamentar que abordou a «crueldade» de Arturo Pérez-Reverte, equecendo-se, de facto, da crueldade de ter sido despachado do governo; o autor de A Rainha do do Sul e de O Clube Dumas riu-se, como devia, no seu twiter: «Esto es mejor que mi caricatura en Muchachada Nui. Si lo llego a saber, lo insulto mucho antes.» Arturo Pérez-Reverte não tem medo de entrar em território comanche.
[Já agora, aqui está a mais recente crónica semanal de Pérez-Reverte.]
Isso seria muito inteligente. Se o orçamento — como dizem vozes insuspeitas e autorizadíssimas — é assim tão mau e não é possível acordo, então que seja esta a solução. Só se negoceia com quem quer mesmo negociar.
O problema é permanente. Os computadores e as casinhas já tinham sido anunciadas duas vezes e os números reduzidos pelo menos uma, que me lembre; os reparos são permanentes, também, porque afinal não são as casinhas todas, nem os computadores todos — os portugueses são tratados como telespectadores do «Alô Presidente». E, claro, afinal o défice seria de 8% sem o fundo da PT (que não está cá para o ano), sem os submarinos (que continuaremos a pagar, mesmo que só sejam dois em vez dos três encomendados inicialmente) e sem as receitas da venda de casinhas de computadores de plástico. Fé, é preciso fé. Credo quia absurdum, como dizia o bom Tertuliano, como se lhe tivessem prometido, no mesmo saco, progresso e parcerias público-privadas.
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