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O J. Ferreira Fernandes escreve como poucos. Desta vez, sobre Josefa, 21 anos, «estudante de Engenharia Biomédica, trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária». Josefa morreu a combater um incêndio. Devia ser manchete de todos os jornais – não apenas pela sua morte, mas também pela sua vida inteira, «estudante de Engenharia Biomédica, trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária». Obrigado, FF.
[Via Conquilhas]
Foi o José Eduardo Agualusa que mo apresentou há anos – a ele e aos seus livros, de que naturalmente elejo Vou Lá Visitar Pastores, Os Papéis do Inglês e a poesia reunida em Lavra. Depois, entrevistei-o – uma hora de tv no defunto Ler para Crer. Retive uma imagem: a do homem do deserto, cruzando a solidão do Namibe (Moçâmedes), falando com solitários, albergando-se em acampamentos de mucubais. Mais tarde servi-me de duas ou três imagens dos seus livros, para livros meus. De vez em quando, assistia a diálogos curtos entre Ruy Duarte de Carvalho e José Eduardo, de Angola para o Brasil, de Angola para Portugal. A sua seriedade absoluta intimidava, era feita daquele raríssimo orvalho que alimentava a Welwitschia mirabilis, a planta do deserto. A sua morte colhe-nos em pleno Verão sem tempo para homenagens que não sejam a de procurar os seus livros na estante.
Há uma palavra a dizer ainda: a André Jorge, o editor da Cotovia. A Cotovia publicou os seus livros com uma notável fé, apoiando o seu autor, nunca lhe negando espaço no catálogo. Devemos a André Jorge, editor e amigo pessoal de Ruy Duarte de Carvalho o conhecimento de uma figura fascinante da nossa língua e da nossa memória de África.
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