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«No metropolitano de Barcelona lê-se muito mais do que em qualquer lugar público de Lisboa.»
Alexandre Andrade, no Um Blog Sobre Kleist.
Lançamento hoje, às 18h30, na Fábrica dos Pastéis de Belém (em Belém...). Apresentação de Carla Maia de Almeida.
Na altura escrevi sobre a morte de António Manuel Couto Viana mas, entretanto, não estive atento ao disparate imbecil denunciado pelo Eduardo Pitta. Não só é lamentável que, à direita, ninguém tenha protestado contra o silêncio, como é lamentável que a esquerda se preste a mais um exercício de policiamento.
Não acredito que o aumento da produtividade dependa da abolição de feriados, da mudança de feriados e da criação de feriados «para a família», essa coisa ainda mais flutuante do que os feriados. Andam aí umas senhoras com o calendário às costas, mudando aqui, recriando ali, inventando e suprimindo. Gabo-lhes o esforço, mas agradecia que estivessem quietas. Hoje mudam os feriados, amanhã mudarão os horários de deitar e de acordar, depois os das refeições (como já um celerado quis fazer em Espanha) e, finalmente, conseguirão o que querem, que é abalar-nos o juízo. São muitos feriados, certamente; outra coisa é as senhoras quererem tomar o calendário de assalto.
Podíamos argumentar de outra maneira. Por exemplo. Eu embirro com a coisa e o Natal custa-me muito a passar, nunca é pacífico e «o espírito do Natal» é insuportável; agradecia que o feriado acabasse logo e que não o prolongassem até dia 27. Já o de 10 de Junho, gostava muito que o estendessem até ao fim-de-semana, em podendo, sobretudo onde há bosques ou praias decentes, para podermos ler a lírica de Camões à vontade. Quanto ao Carnaval, acho deprimente e devia ser decretada uma moratória. O da Ascenção é desnecessário na época do ano. Já em relação ao da Imaculada, gosto da ressonância italiana. O 1.º de Dezembro dispenso e poupa-nos um almoço na raia, com possibilidade de Cáceres (esqueçam Olivença) ou, em podendo, em Ciudad Rodrigo ou em Ourense. O 25 de Abril repete o 5 de Outubro, que repete o 25 de Abril, mas está lá como deve. A 23 de Junho, D. Miguel foi aclamado rei — como pensar num aniversário só para Évora Monte (o desembarque dos liberais no Pampelido a 8 de Julho podia compensar) está fora dos planos, ao menos que se permita em Ribeira de Pena, por exemplo, ou em Redial, concelho de Chaves. A 24 de Junho, já se sabe, a data exige-o. Associarmo-nos aos espanhóis e festejarmos o Dia de Reis parece-me sensato.
Adenda. Esclarece o leitor Pedro Valadares: «Não temos feriado da Ascenção — ao contrário de Espanha — mas sim da Assunção. Nossa Senhora não ascendeu aos céus, mas foi Assunta... O que também dá um nome bonito, penso que em castelhano. E italiano.»
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