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Teixeira dos Santos: «Mr Teixeira dos Santos said the government was considering revising labour legislation to make it more flexible.»
Vieira da Silva: «Vieira da Silva afirmou hoje que “não está em cima da mesa” qualquer alteração à legislação laboral.»
É tão grande a quantidade de contradições, mentiras, deturpações, interpretações duvidosas e silêncios — que vai ser difícil batalhar por conclusões limpas e claras. Estamos a caminho da lulização da política portuguesa: todas as CPI demonstram que há ilegalidades, mentiras e atropelos à decência, mas quem dá o passo decisivo? É a banalização da manigância.
aaÁfrica do Sul, 1 ss México, 1 ff hNão é estranha é a quantidade de comentadores que vai falar das dificuldades «da transição ofensiva» e do alto valor teórico da selecção mexicana, diante do baixo valor teórico da sul-africana. Sobre o primeiro dos axiomas, registe-se que nunca houve problema com as transições ofensivas; quanto ao valor teórico das selecções, é uma escala que não tem aplicação numa fase final. Pareceu que Parreira tinha uma ideia fixa — aguentar quarenta e cinco minutos e não se maçar durante o intervalo. Conseguiu. O México marcou com dificuldade depois de ter desperdiçado quatro lances nos primeiros vinte minutos do jogo, por absoluta cerimónia. Giovanni dos Santos pode vir a ser um bom jogador naquele grupo de mariachis que andaram no campo ao ritmo de um grupo de bebedores de mezcal de Oaxaca — ora cheios de pressa, ora de cabeça perdida.
A única forma de justificar a paciência que ainda tenho para o Mundial é o facto de não ter visto televisão (tirando duas gravações de Nigella Lawson, um episódio do House e um frente-a-frente com Mário Crespo) nas últimas duas semanas. Não vi as reportagens sobre o que comem os jogadores, como são os quartos de hotel, a qualidade do relvado durante os treinos, que música ouvem e que jogos de computador usam. Não tenho visto as mesas-redondas (mas devem ter sido criticáveis, e hoje participo numa) nem as imagens do autocarro lusitano e do hotel da rapaziada. Limitei-me a preparar comida com antecedência, para poder ver os jogos todos deste fim-de-semana, antes de ser amparado e levado para recuperação.
O editor de desporto do Times queixava-se outro dia da forma como a BBC escolheu os comentadores do Mundial: eram todos profissionais ou ex-profissionais do futebol e tinham doutoramentos em jogo corrido pelas alas ou em passes longos e defesa concentrada à maneira do Tottenham dos anos setenta. Ex-futebolistas, ex-técnicos e ex-pessoas, no fundo. Para isso (explicar por que razão Simão não pode entrar sempre pelo mesmo ponto da área, por exemplo), bastavam dois deles (o outro mencionaria coisas como «transposição defesa-ataque», «a bola escapa-se pelo eixo da defesa» ou «basicamente ainda não marcámos porque Deus é da Costa do Marfim») e desocupavam-se os estúdios. Por exemplo, alguém que abordasse assuntos praticamente metafísicos como o penteado dos jogadores – o de Liedson, que exige «pente 3», e as cristas no tecto da cabeça de 70% da selecção nacional. Não compreendo como, observando com alguma minúcia o cabelo de Djaló (que não está lá), não se atiraram a eles com um barbeiro à antiga portuguesa, capaz de em cinco minutos resolver o problema. Eu, que passei um ano a pedir a cabeça de Belluschi para a entregar ao barbeiro, e que teria impedido a entrada em campo de Hulk por vários motivos mas um deles seria o seu corte de cabelo nos últimos jogos (a imitar Belluschi), não compreendo como Queiroz não se preocupa com isto, em vez de andar a pensar como há-de meter a selecção a jogar à maneira do Sporting que perdeu com o Benfica (o 6-3, lembram-se, certamente).
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