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Marques Mendes vê bem os disparates da direita a propósito da crítica a Cavaco pela promulgação do diploma do casamento gay. Os heróis de Canudos à portuguesa esperaram que Cavaco abrisse o caminho das causas morais – depois de eles se terem limitado a campanhas envergonhadas e de argumentário reduzido. Mas, ao contrário dos heróis de Canudos, os verdadeiros, os de Antônio Conselheiro, que foram viver para os palmares, os nossos limitaram-se a esperar por Cavaco, que deveria redimi-los e pagar a conta pelos votos cedidos pela direita que nunca suportou o homem de Boliqueime. Dada a impossibilidade de entrar na guerra, Cavaco que a fizesse (é, aliás, curioso que o Cardeal Patriarca se sinta mais à vontade a criticar Cavaco do que José Sócrates). Bem pensado. Ainda por cima logo depois da visita do Papa e das multidões que foram à rua; como se esperava, os teocratas ganharam coragem – e é curioso que foi uma papista, justamente, a jornalista Aura Miguel, a primeira a criticar o Presidente.
Por outro lado, é aflitivo ver como Santana Lopes revela a figura que nunca deixou de ser: demasiado ocupado a ter pena de si próprio para poder dedicar um instante a pensar no assunto.
O debate político está tão vivo e cativante que o tema mais abordado é o dos double standards. A vigilância, claro; é um dos sinais da decadência acelerada.
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