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«Qual é o editor que não traz, em suma, livros para ler em casa?» — pergunta Maria do Rosário Pedreira. Ou seja, qual é o editor que não passa uma parte da sua vida «fazendo horas extraordinárias»? Daí o título do seu blog. Exactamente: Horas Extraordinárias.
«Há aliás muita gente em Portugal a opinar e a dispor do sacrifício dos outros como quem tem bula para o que der e vier. E não me refiro só aos jornalistas.»
José Medeiros Ferreira, no Córtex Cerebral.
Ficaram muito escandalizados com as opiniões de Fernando Ulrich. Mas queres tu ver que ele não está sozinho... A contagem começou.
(Sim, tenho conta no BPI; prefiro que me falem verdade.)
Imagino a pobre luminária a pôr-se em bicos de pés, cheio de si, esclarecendo que os políticos se impuseram ao BCE. Luís Amado faria um favor se lhe ministrasse «um exercício degradante de sujeição».
Daqui a uns tempos, a luminária virá, de mansinho e empertigado, aceitar o inevitável.
A «sociedade de informação» tomou conta da Assembleia da República e transforma-a num espectáculo de novo riquismo autorizado. Sendo certo que uma boa parte daquelas pessoas não sabe escrever, a verdade é que não se podem deslocar de um lado para o outro sem um computador onde entram no Facebook, no Twiter, na leitura de jornais online, no correio electrónico, no Messenger, no Googletalk, onde for. Eu dava tudo para vê-los pegar numa caneta e escrever uma frase em vez de — e a culpa não é minha, está nas imagens da AR-TV — passarem a imagem de uns cavalheiros e senhoras sonolentos, diante de um monitor, trocando e multiplicando informação, sem saber o que fazer com ela. Ali ou em outro lado.
Apesar do mau gosto da comparação (entre o anúncio da «promulgação do casamento entre pessoas do mesmo sexo» e «o fim da pena de morte», enunciado pelo ministro Jorge Lacão — uma coisa em forma de assim, saída daquele enorme talento?), a verdade é que a lei não vai provocar alarme social nem escândalo público. Nada do que é humano nos é estranho. Nada do que é imperfeito. Nada do que é errado. Nada do que está correcto. Cavaco fez o que tinha a fazer, com as cartas que tinha na mão, notando que não está de acordo mas que as coisas são como são. Não vale a pena nem é justo, a propósito do assunto em epígrafe, falar de covardia histórica e de capitulação. Um presidente está lá para garantir a liberdade e o jogo democrático. Se queriam outro presidente, tivessem eleito Basílio Horta na altura (lembram-se?) ou el-rei D. Sancho. Ou barriquem-se nas montanhas, como os heróis de Canudos entre os coqueiros.
Morreu Ronnie James Dio, um dos (se me é permitido a palavra) cantores mais barulhentos da história do rock. A sua banda mais recente era Heaven & Hell, mas não é aí que fez história – e sim a solo ou nos Black Sabbath (antes, nos Rainbow), onde entrou para substituir Ozzy Osbourne, outro barulhento. Era a época: Led Zeppelin, Deep Purple, Uriah Heep, enfim. Dio marcou a história dos Black Sabbath (que nasceram em 1968) nos anos 80 com canções que poucos recordam, como “Die Young” ou “The Mob Rules”. Um teatro de violência, ocultismo, misoginia – esta era a encenação do ‘metal’, que andava a par do cocktail de álcool e drogas de que quase todos padeceram. Depois dos AC/DC ou Judas Priest, Ronnie James Dio continuava em palco. Agora, aos 67 anos, deve estranhar o silêncio.
[Na coluna do Correio da Manhã.]
Sim, leiam. Está lá o essencial. Pode dizer-se tudo isso de um político que, um dia, esclareceu que strategy is about winning.
(Via Mar Salgado)
Grupo Desportivo de Chaves, época de 1985-86.
De pé: Paulo Rocha (ele já teve bigode), Pio (um bigode), Vivas (outro bigode), Carvalhal (um traidor ao bigode), Raul Sousa (bigode, naturalmente) e Fonseca (um dos grandes bigodes do futebol português); em baixo: César (um bigode — e vários golos de cabeça), Jorge Plácido (bigodinho), Kiki (falta-lhe o bigode), António Borges (o verdadeiro bigode, um grande bigode, uma referência para os bigodes) e Ferreira da Costa (lamentavelmente, não tem bigode).
De notar que o FC Porto de 1985-86 apenas contava com três bigodes no plantel principal: Mlynarczyc, Eduardo Luís e Elói.
De acordo com o Filipe, mais uma vez. A ideia de que os portugueses foram enganados é útil para transformar o eleitorado em Jardim Escola João de Deus, mas não pega. Os eleitores escolheram isto.
«Como se Deus existisse» é a condição que marca tanto Dostoievski como o rabi Hillel, tanto Espinosa como Freud. Como se viesse um relâmpago. Como se houvesse esferas no centro da terra. A culpa não nos larga.
Estas declarações são simples e dizem tudo. Não só em relação aos que têm de pagar os custos do descontrole — e que votaram, ou não, em José Sócrates. Mas, sobretudo, sobre a responsabilidade política que deve ser apurada. Ao validar tecnicamente as opções do governo, Passos Coelho está a criar a ideia de que a Europa «é que nos está a criar estas dificuldades» e que o combate ao «inimigo externo» deve ser uma «tarefa nacional» (e, portanto, «vamos todos ajudar o nosso governo a enfrentar os estrangeiros» que nos impõem a subida dos impostos). Salvo erro, o limite já foi atingido esta semana. A partir de agora, cada um corre por sua conta e risco; esse sim, deve ser o discurso.
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