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Estas declarações são simples e dizem tudo. Não só em relação aos que têm de pagar os custos do descontrole — e que votaram, ou não, em José Sócrates. Mas, sobretudo, sobre a responsabilidade política que deve ser apurada. Ao validar tecnicamente as opções do governo, Passos Coelho está a criar a ideia de que a Europa «é que nos está a criar estas dificuldades» e que o combate ao «inimigo externo» deve ser uma «tarefa nacional» (e, portanto, «vamos todos ajudar o nosso governo a enfrentar os estrangeiros» que nos impõem a subida dos impostos). Salvo erro, o limite já foi atingido esta semana. A partir de agora, cada um corre por sua conta e risco; esse sim, deve ser o discurso.
Não basta suspeitarmos que a coisa está tão feia que José Sócrates teve de pedir apoio a Pedro Passos Coelho. É preciso que ambos expliquem que está mesmo feia. Por motivos óbvios, o primeiro-ministro não contará toda a verdade; mas espera-se que Passos Coelho diga aos seus eleitores o que o leva a rubricar os documentos de São Bento — e até quando; esse até quando, salvo erro, já passou.
Pedro Vieira, o Irmão Lúcia, mudou de casa. Fez bem. Em tempos de Feira do Livro sempre há mais tempo para obras, pinturas, etc.
O discurso de Bento XVI no CCB, ontem de manhã, é um curioso roteiro das relações entre a religião, a cultura, a racionalidade e a história. O seu apelo final (“Fazei coisas belas, tornai as vossas vidas lugares de beleza.”) recupera um ideal iluminista que a modernidade destruiu no meio do ressentimento e do desejo de morte. A humanidade educada no meio do transitório (ou dedicada ao tempo que passa) não compreende o que há de radical nesse incitamento. Porque se trata de um desafio terrível, que só a arte pode traduzir. O resto é obra interior, silenciosa, espantada, individual – e não admite multidões. Bento XVI sabe como é um confronto terrível: “Não tenhais medo de vos confrontar com a primeira e última fonte da beleza”, disse ele. Deus é um relâmpago desconhecido.
[Na coluna do Correio da Manhã.]
As acusações do ex-director do Diário de Notícias da Madeira são suficientemente graves para que se passe por elas e se encolham os ombros. Uma coisa é a inimputabilidade de Jardim; outra, a nossa responsabilidade política diante de Jardim.
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