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Várias almas se têm dedicado a tratar o tema ‘a violência no desporto’. Algumas delas estão no paraíso das chamadas ‘instituições do desporto’, o que é um erro clamoroso – devia ser caso para chamar juristas e polícias, além de professores de boas maneiras. Os juristas enumerariam as leis que já existem, os polícias tratariam de fazer aplicá-las e de reter os prevaricadores – e os professores de boas maneiras (que não abundam) exerceriam o seu mister junto dos, assim chamados, jogadores cujo comportamento merece reparo. Os estádios, que são um espaço público, deviam ser lugares onde as pessoas não corressem o risco de serem assaltadas por esses energúmenos. Uma coisa é jogar e ver jogar à bola, o que se aceita; outra, totalmente diferente, é estar à mercê da bandidagem.
[Na coluna do Correio da Manhã.]
Volta a falar-se da privatização da RTP. Periodicamente, o assunto regressa e toda a gente sabe que não se avançará muito na discussão porque, tal como estão as coisas, interessa a todos os partidos manter um módico de controle sobre a informação da televisão pública. O problema não é esse. A questão está em ver se a RTP (supõe-se que seja a RTP1) oferece alguma coisa substancialmente diferente do que oferecem os outros canais – e se a sua (eventual) qualidade for uma marca distintiva. Não me parece, se bem que haja arremedos. Nesse sentido, a privatização da RTP faz sentido. O que o ministro das Finanças diz é outra coisa: primeiro põe-se a RTP com as contas em dia à conta do orçamento do Estado; depois, sim, vende-se. Exatamente ao contrário do que é preciso fazer.
[Na coluna do Correio da Manhã.]
Neste domingo serão assinalados os 200 anos do nascimento de Alexandre Herculano. Para uma ou duas gerações de portugueses, o nome de Herculano estará sempre ligado a Eurico, o Presbítero, lido nas escolas e escondido nas estantes. É pena. Alexandre Herculano foi um dos mais importantes pensadores portugueses, um cético em matéria política, um talento extraordinário como historiador. A sua obra e a sua mensagem nunca foram muito populares – e o retiro de Vale de Lobos, onde se recolheu, acaba por ser uma imagem recorrente dos desiludidos da política e dos homens. A vida portuguesa repete os falhanços e as falsas esperanças de há dois séculos e, por isso, convém estudar o século XIX e a obra de Herculano. Mudámos muito desde então, mas a sensação de catástrofe mantém-se.
[Na coluna do Correio da Manhã.]
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