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O excesso de zelo do Eduardo levou-o a cometer uma injustiça. Acontece. Foi reparada aqui, com frontalidade, o que é raro na blogosfera, mas habitual no Eduardo. É claro que Aristides de Sousa Mendes teve estados de alma e fez o que fez. A questão em que Carrilho esteve envolvido não se lhe compara; mas serve para definir o que são o carácter e a dignidade intelectual do ex-ministro diante de uma decisão tão errada como a do governo português. Concordo com o Eduardo nisto: se Carrilho tivesse votado contra a orientação do governo português não lhe restaria outra solução se não apresentar a demissão, ou ser demitido, expondo a grave perversão da decisão portuguesa.
Um pequeno reparo ao post de Eduardo: o cavalheiro egípcio não se fez notar apenas por «posições anti-semitas»: ameaçou queimar livros da biblioteca de Alexandria, desempenhou o papel de censor, mandou prender e foi cúmplice em detenções arbitrárias; enfim, mais do que distinguir-se por «posições anti-semitas». Não se sabe que compromissos teria o governo português com o Egipto ou a «linha da frente», mas um currículo destes para um cargo da Unesco parece excessivo. Mesmo sem estados de alma. E, sim, Eduardo, é legítimo que festejemos a derrota da posição defendida pelo governo português.
Recuso-me a justificar os maus resultados do FC Porto nesta fase do campeonato com as decisões e as manigâncias do CD da Liga de Futebol. São coisas independentes – mas com «canais de comunicação». Toda a gente percebe que o CD da Liga está onde está para cumprir o serviço e servir de palco a um cavalheiro que gosta de aparecer nos telejornais para mostrar que é ele que manda. Infelizmente, é ele quem manda. Verificou-se que é uma péssima escolha para um orgão com essa responsabilidade e essa relevância. É um fundibulário de pacotilha e um ironista de terceira ordem; e se isso não bastar, fica dito que, com aqueles gestos de pantomineiro, as suas decisões se assemelham a uma palhaçada.
Hermínio Loureiro demitiu-se da presidência da Liga. Fez bem. No entanto, ao justificar-se com o acórdão do Conselho de Justiça da FPF, acaba por reconhecer que um dos objectivos da sua presidência era a aplicação dos castigos ao FC Porto e aos seus jogadores. Acreditávamos que havia um princípio de «independência de poderes» e que as decisões do Conselho de Disciplina e Ricardo Costa não estavam incluídas no plano de trabalho da presidência da Liga; puro engano. Loureiro confirma por este meio que uma desautorização a Ricardo Costa e ao CD é uma desautorização à sua presidência. Sendo assim, estamos para lá do bem e do mal.
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