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A história dos nomes de rua tem alguma razão de ser mas obrigará o PS a um jogo de cintura parecido com o de um contorcionista de circo. Há opiniões que também têm razão de ser, e Ferreira Fernandes resume bem o problema: «Mas estar vivo ou morto o que tem a ver com o assunto?» A questão é essa, e insolúvel. Quantos mortos verdadeiramente indignos deram nome a ruas que, só pelo nome que levam, nos deviam impedir de andar por elas?
Faz de conta que já postei o vídeo do Tiago, do Samuel, etc.,, São Sete Voltas P´rá Muralha Cair.
São vinte e oito livros – as aventuras de Tarzan. Foram escritas por Edgar Rice Burroughs, que morreu há sessenta anos na Califórnia (cumprem-se amanhã, exatamente) sem ter ido a África. O herói era branco e devidamente depilado, como um ginasta americano, pronto a ser interpretado por Johnny Weissmuller ou Elmo Lincoln. Andar de liana em liana, namorar Jane, relacionar-se com os animais, proteger os desprotegidos – tal era o programa de Tarzan, o menino abandonado na selva, à semelhança do que os europeus do século XVI tinham também previsto para as suas utopias ultramarinas. Burroughs escreveu muito mais do que as histórias de Tarzan (sobretudo ficção científica), mas só essas atingiram a popularidade servida pelo cinema. Recordá-lo é prestar um favor à inocência.
[Na coluna do Correio da Manhã.]
A Mesquita de Lisboa comemorou ontem 25 anos de existência. Desde o século XV, que nenhum templo muçulmano tinha sido construído em Lisboa. Um dia, depois do 11 de Setembro, levei o rabino de Lisboa à mesquita para tomarmos um café e, na semana seguinte, levei o xeique à sinagoga Shaare Tikvá para almoçar. Se há uma vantagem de que podemos usufruir em Portugal é o de sermos mais tolerantes em matéria religiosa. Temos razões para isso: a perseguição religiosa deixou Portugal mais pobre desde o século XVI. A sinagoga de Lisboa teve de esconder a sua porta até 1974. Os protestantes foram silenciados e marginalizados. Só com a descolonização Portugal descobriu que havia muçulmanos no seu território. São muitos anos de desconfiança e de maldade. Mas cada um já tem a sua casa.
[Na coluna do Correio da Manhã.]
Uma parte do segundo mandato do governo de José Sócrates está ocupada em corrigir patetices cometidas no primeiro. No caso da Educação, a ministra Isabel Alçada reagiu bem ao “caso Leandro”, mandando efetuar novo inquérito e declarando-se preocupada com a violência nas escolas, mais do que com as estatísticas e estatutos adquiridos. Mas a correção não abrange apenas os governos socialistas – ao longo dos últimos 30 anos houve demasiados sociólogos e pedagogos a tentar explicar o fenómeno e poucos políticos a tomar as decisões corretas. O que prova que a verdadeira revolução no ensino tem de começar pelos ‘corredores do Ministério’, onde se albergaram os técnicos que fizeram das nossas escolas vulgares laboratórios e, dos alunos, cobaias. O resultado é como se vê. Mau.
[Na coluna do Correio da Manhã.]
O ressentimento de Santana Lopes permitiu que um dos factos relevantes do recente congresso do PSD tivesse sido a “lei da rolha”, que suscitou indignação merecida e justificada. Todos os partidos têm fugas estatutárias que permitem outras rolhas. Cumpre no entanto dizer-se que a proposta foi aprovada por larga maioria, o que sintetiza bastante a opinião que “os portugueses” têm sobre “a liberdade” e a “asfixia democrática”. Durante a guerra civil do século XIX, D. Pedro IV sabia do que falava quando lançou o aviso: “Portugueses, não me obrigueis a libertar-vos pela força!” Claro que “os portugueses” não se deixaram impressionar com a ameaça, e preferiram a força. Parece que, no caso do PSD, as bases estão fartas de vozes dissonantes – mas, mesmo assim, causa impressão.
[Na coluna do Correio da Manhã.]
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