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O Sr. inspector Isaltino de Jesus em acção.
Depois de ler esta peça, é evidente que o país entrará em espiral, em ritmo lento, consumindo-se devagar entre eleições para o PSD (um fenómeno), vida interna do PS (outro), eleições presidenciais e o campeonato de futebol. Isto não é ligeireza nem desinteresse. Evidentemente que estou de acordo com o Luís M. Jorge: não eram precisas «as escutas» para ver o óbvio. O óbvio é o óbvio — vem todos os dias nos jornais e basta fazer uma leitura da propaganda dos últimos três anos para o perceber. Não é preciso invocar conspirações extraordinárias; o puzzle está ao alcance de qualquer um e até do embaraço dos apaniguados. O argumento de que o país votou assim e que não se pode fazer nada contra isso não me comove extraordinariamente. Transformá-lo em república de juristas, debulhando o segredo de justiça (que flutua bastante, basta lembrar), discutindo pequenas censuras, e as conveniências de advogados e defensores da ordem, é o pior que nos pode acontecer. O problema do país não é jurídico nem legal — é político. Não é preciso ler o Sol nem as decepcionantes defesas oficiosas do regime, e do centrão, para o perceber. Desde há três anos que o problema é mais vasto. É a indiferença do país (tanto em relação ao endividamento externo de 177 mil milhões, como à propaganda e à mistificação, como a questões elementares de direitos e liberdades); a impunidade do poder e do Estado; o carácter manhoso da corte que Sócrates espalhou por uma rede influente e distribuída pelo Estado e pelas corporações; a rede de interesses e compromissos que junta negócios, influência na imprensa e decisão política; um PSD pouco empenhado e, sobretudo, pouco hábil que espera que Sócrates caia de maduro. A gritaria não vai poupar ninguém.
Um texto de João Torgal alerta-nos para o maravilhoso mundo criado pelos super-pedagogos do Ministério da Educação.
(Via Insurgente.)
Sensatez e aviso, segundo João Villalobos. Estas coisas nunca fizeram mal a ninguém. E, em política, são essenciais.
Era discreto e parecia um velhinho na bancada de apostas de um hipódromo, de chapéu e gabardina. Essa imagem vinha a propósito porque Dick Francis viveu de livros, é certo, mas também de corridas de cavalos. Juntou as suas duas paixões para se transformar num dos escritores de literatura policial mais lidos em Inglaterra. Ano sem “um novo Dick Francis” e sem uma nova aventura de Sid Haley, não era coisa que se perdoasse. Com o tempo, as corridas de cavalos foram substituídas pelo basquete e pelo futebol, e os livros de Dick Francis perderam para os vampiros e thrillers maçónicos. Este homem, que pertencia à Inglaterra dos anos 70 e 80, morreu no domingo. Dardo era um excelente policial e Francis um talentoso britânico que não entrou no século XXI. Como ele há poucos.
[Na coluna do Correio da Manhã]
Guerra é guerra. Nesse cenário, a oposição gostaria de ter encostado José Sócrates à parede — e de ter o PS como aliado moral para se desfazer do primeiro-ministro. Um favor destes teria um preço enorme, sobretudo para a oposição que quer estar na salinha-de-espera aguardando mais negócios e colocações, como tem sido costume. Essa ideia, certamente generosa, encontra alguns senões, sendo o principal o facto de José Sócrates ser um lutador que vende cara a derrota, se é que a vende. Por isso, toda a gente caiu em cima dos socialistas que desafiaram a oposição para uma moção de censura; não percebo porquê.
«Neste país de fariseus parece que acabámos de descobrir que políticos e apaniguados gostam de mandar e gostam de vencer adversários - mesmo quando se inibem de os mandar prender ou matar. Imagino o que este país de fariseus fará e dirá quando, deitando por terra as suas vendas e as suas mentirinhas convencionais, tiver que reconhecer que, em países livres, não há verdadeira alternativa a esta forma suja, contaminada, degradante, de fazer política. Imagino que este país de fariseus prefira então, como tantas vezes tem preferido no passado, o equivalente político da procriação sem sexo, uma forma não-contaminada de políticos e apaniguados muito puros e seráficos manterem as aparências, o torpor e as mentirinhas, a troco de uma sempre fácil renúncia à liberdade.»
No Jansenista, «Cicuta na Fariseia»
Há sempre alguém que, com descaramento, resume o essencial: «O Governo não pode ter uma ‘golden share’, mas um acionista pode.»
Kings of Convenience, «Winning a Battle, Losing the War»
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