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Contradições, eu posso, ó minha senhora, mais contradições, eu tenho autoridade, água do capote bem sacudida. Aqui.
Afonso Costa consegue “tombar” os jornais oposicionistas
Há coisas que sabemos como começam — e outras que imaginamos como terminam. Está aí uma ventania à porta.
Directo ao assunto, Joaquim Vieira.
«Todos os governos tentam, de alguma forma, condicionar jornais e jornalistas. Nessa matéria, todos os partidos portugueses têm telhados de vidro e um historial que não abona a seu favor. Em primeiro lugar, essa tentação empobrece a democracia e o debate livre; depois, destrói a confiança dos cidadãos. O poder tem custos que convém ter em conta; um deles é suportar a crítica da imprensa e a sua vigilância permanente e até injusta. Manda a decência que entre os dois mundos exista uma separação clara. O poder torna-se absoluto quando reconhece que não lhe basta o direito a comunicar através dos canais institucionais e pretende garantir um lugar ao sol na imprensa. O jogo da democracia torna-se desigual, mesmo se as intenções são generosas. E quase nunca são.
[Na coluna do Correio da Manhã]
Hoje no I:
Luís M. Jorge:
«É muito importante acabar com um efeito que está a ser produzido pelo governo Sócrates que é a indiferença.»
Adolfo Mesquita Nunes:
«A actuação dos tribunais também pode ser ela própria sindicada publicamente. As decisões judiciais podem estar erradas.»
«Porque evidentemente, como todos já percebemos para lá dos formalismos, há razões bem fundadas para concluir que Sócrates criou maus hábitos na relação com a imprensa. […] A imprensa é a fraqueza de Sócrates, uma fraqueza de tonalidade nixonianas que pode acabar por o perder. Foi repetidamente avisado e não emendou caminho. O seu descontrole emocional em relação à imprensa impôs-se a qualquer sensatez política e pôs em causa a sacralidade da imprensa — para um governo a imprensa deveria ser isso mesmo: sagrada — revelando-se em coisas que vão do alegadamente patético (exteriorizações coléricas sobre um jornalista) ao alegadamente gravíssimo (ter aliados políticos interessados em mudar a propriedade de canais de media). E agora o problema é de todos nós, porque é verdade que se criou um ambiente de degradação cívica a que a esquerda não pode deixar de dar resposta. Eu sei perfeitamente que se fosse um primeiro-ministro da direita eu estaria furioso, e comigo estariam todos os meus amigos do PS.
Eu compreendo que não se queira chafurdar na porcaria, e que se queira evitar quem apenas se interessa pelas vantagens táticas imediatas desta situação. Mas isso só é aceitável em quem tiver um discurso autónomo e vigoroso sobre isto, exigindo que tudo seja esclarecido até ao fim e — caso não o seja — levantar a voz para dizer que é inaceitável que a fraqueza de um primeiro-minisro faça resvalar um país inteiro.»
(via Luís M. Jorge)
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