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Reafirmando.

por FJV, em 03.02.10

O pior, Tomás, é que essas declarações foram feitas. O deputado Strecht Ribeiro reafirma que vai apresentar o citado projecto mirabolante para fazer frente a Assis, que faz frente a Sócrates — tu sabes o resto. Gente de corredor, de gabinete, de projecto-de-lei, entretida a mudar o mundo antes de chegar sequer ao corredor, quanto mais à janela.

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De Pyongyang a Halifax.

por FJV, em 03.02.10

Luís Filipe Cristóvão inaugurou uma série de crónicas sobre «futebolistas imaginários»; nesta, trata da vida e feitos de Hwang Po, que nasceu em Wonsan, na República Popular da Coreia do Norte, em 1945 — e se fixou em Halifax (jogou no famoso Halifax Town), onde ficou conhecido como Mr. Poe, um grande cronista desportivo.

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É brincadeira, é.

por FJV, em 03.02.10

O PS, afinal já não vai avançar com esta proposta legislativa.

Mas ficam os textos, mesmo assim.

 

1. Sinceramente, não compreendo a admiração de muitos comentadores, surpreendidos porque o PS quer publicar na internet os rendimentos brutos de todos os contribuintes. Segundo o DN, trata-se de uma informação realmente bruta, «sem o imposto final pago, sem as despesas reembolsáveis (despesas de saúde, educação, etc.), mas com o rendimento bruto anual declarado». E, «evidentemente, a identificação do contribuinte».Trata-se de uma iniciativa coerente com o que o PS tem defendido. É, digamos, mais um problema que fica solucionado. Por lei, como de costume. Em Portugal, a patetice e as leis são baratinhas.

2. Como se dizia aqui, isto não devia surpreender-nos. O cartão único é uma maravilha da informática do Estado, uma vez que quem não deve não teme; os chips nas matrículas dos automóveis ajudam a colocar o país na senda do progresso, já que quem não deve não teme; a inversão do ónus da prova é um princípio jurídico a incentivar porque não deve não teme; que o Estado disponha dos nossos dados fiscais, médicos, literários, políticos, genéticos, etc., e os use no interesse do próprio Estado, é um avanço notável na galáxia do progresso, dado que quem não deve não teme.

3. Não temam, não. Um dia seremos problemas a serem solucionados. Com acesso aos dados em bruto, que maravilha para vizinhos com gosto pela calhandrice, para padrecas e estalinezinhos, para processos de divórcio e famílias «transparentes», para a chantagem política e a canalhice, para a malandragem e para os invejosos — está aqui a sua pátria. Legislem, mesmo contra a Constituição, a vida dos cidadãos e o bom-senso. Avante.

 

Adenda: só agora tive acesso às declarações do deputado Strecht Ribeiro («Jorge Strecht Ribeiro, Afonso Candal e Mota Andrade, defendem que sejam tornados públicos os rendimentos, mas não o imposto final pago nem as despesas reembolsáveis.»), para quem a medida tem um efeito pedagógico (a lei «levanta [o sigilo fiscal] o suficiente para que cada um de nós possa ter consciência que a comunidade nos olha»). Afinal, a ideia é mesmo a de que cada um saiba que está a ser vigiado pelo vizinho, que procederá as denúncias da ordem. Tudo segundo o manual. Esta mania de nos ensinar boas maneiras a toda a hora tem consequências dramáticas no estilo e na gramática: «Parece-nos razoável que, sendo nós um imenso condomínio de 10 milhões, cada um de nós saiba a permilagem de cada um dos outros para sabermos se há um efectivo contributo que corresponda àquilo que é o bocado que temos neste imenso latifúndio.» Esta ideia de que somos um condomínio de dez milhões é, senão verdadeiramente peregrina, pelo menos desenhada à imagem da classe parvenue na política; um condomínio, estão a ver?

 

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Lições de populismo geral.

por FJV, em 03.02.10

«Cálculos efectuados pelo JN estimam que uma subida de um ponto percentual resultaria num encaixe adicional de 400 milhões de euros ou 200 milhões se a medida for tomada a meio do ano.»

Por exemplo: os custos totais dos pareceres jurídicos externos são, ou não, superiores a esse «encaixe»?

Desde quando é que um jornal se coloca do lado do governo contra os cidadãos, falando de «encaixe» em vez de «cobrança»?

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Rosa, 2.

por FJV, em 03.02.10

Extractos de uma entrevista à Sábado.

 

Chorava à noite na camarata [do colégio interno]?
Pelo amor de Deus, fui educada para cumprir as minhas obrigações sem lágrimas. Uma choramingona é desprezível.
 
Casou-se apaixonada?
Não, que ideia! Não sou de paixões. Casei-me aos 19 anos porque se usava.
Onde se conheceram?
Tinha-o conhecido em Caminha. Era filho do visconde da Granja. Eu vivia em função do cinema e, como nos filmes, a minha ideia era ter uma saia enorme, cruzar as pernas e casar com o visconde da Granja.
 
Teve com os seus filhos uma relação diferente daquela que os seus pais tiveram consigo?

Muito diferente. […] Quando as minhas filhas namoravam, dizia-lhes: «Façam o favor de ir para a cama com os namorados, ninguém deve casar-se sem ir para a cama com um homem. Porque se as coisas correm mal na cama, é meio caminho andado para o casamento ficar estragado.»

 

A beleza foi um empecilho na sua vida?
A beleza foi um empecilho porque eu preferia ser vista como inteligente.
Foi difícil envelhecer?
Facílimo. A única coisa importante é a família. É a única coisa pela qual morreria.

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Rosa.

por FJV, em 03.02.10

Gostava muito da Rosa Lobato de Faria (1932-2010). Entrevistei-a algumas vezes (numa delas  quase chorando em estúdio, com a evocação de J. Figueiredo de Magalhães, o seu marido e editor que fundou a Ulisseia), como escritora (a de O Prenúncio das Águas ou O Pranto de Lúcifer), e admirava o esforço profissional e a inocência que marcavam os seus livros. Eram também características dela: inocência, profissionalismo, dedicação às coisas. Um bom-humor invejável e, certamente, invejado. Gostava da Rosa – e do seu riso, da sua inaptidão para a seriedade absoluta, convencional e postiça. Esse rosto perfeito que passou pelo cinema, pela televisão e pela literatura sempre me comoveu. Aparentemente ingénua, aparentemente «superficial», Rosa conhecia a sabedoria das mulheres de família e tentou escrever sobre esse mundo. À sua maneira, fê-lo com raríssimo entusiasmo. Aos 77 anos, por isso, este é um adeus inconformado.

[Na coluna do Correio da Manhã]

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O cantinho do hooligan. Foi um túnel.

por FJV, em 03.02.10

1. Ontem (que foi o Dia Mundial das Zonas Húmidas) foram cinco. No domingo foram quatro. Tenho pena que tivessem sido o Sporting e o Nacional. Mesmo assim, aguardo explicações: Mariano González, o empregado de mesa do Tortoni, era aquele, ou puseram um clone saído de um túnel de aceleração de partículas?

2. O SLB é a equipa dos túneis. É onde mais gosta de ganhar.

3. Jesualdo tem razão: «Os jogadores do Sp. Braga que foram agora castigados, estiveram a jogar durante dois meses. Os do F.C. Porto não podem dar o seu contributo à equipa.» O túnel dos lampiões merece atenção especial.

4. Mas o ritmo do CD da Liga (a conhecida justiça do Costa) é muito desigual e depende do combustível. Por exemplo: esta semana, o FC Porto foi multado por um comunicado emitido em 2008. Tivesse alguém lido o comunicado no túnel, e outro galo cantaria.

5. Vi o filme do túnel da Luz, finalmente. Tenho a dizer o seguinte: 1) o túnel é feio e desagradável, muito pouco condigno; 2) não se vê a ponta de um corno nem «frame a frame» nem «em contínuo»; 3) é incompreensível como um clube que joga na Liga Europa tem câmaras de videovigilância tão miseráveis e de tão má qualidade; 4) está lá um sujeito muito parecido com Rui Costa (pelo penteado parece, embora me tenham dito que, pela pose, é um rabujador do Grupo de Forcados do Aposento da Moita) a perguntar se já podem desligar o vídeo porque precisam de devolver os aparelhos à loja; 5) não sei se a Comissão de Protecção de Dados autorizou as filmagens; 6) um clube com tantos cineastas afectos às suas cores só conseguiu aquelas imagens da treta?; 7) inexplicavelmente, não se vê o Cardozo a apanhar uma estalada; 8) não se vêem golos; 9) o cinema português, posso garanti-lo, não sai prestigiado.

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