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Tolera-se a um primeiro-ministro que seja humano e se ofenda com o que a imprensa diz sobre ele. Pedir a Sócrates que ignore a opinião dos outros seria talvez de mais. Não é fácil resistir; compreende-se. Porém, exige-se de um primeiro-ministro que mostre a distância, a superioridade e a largueza de espírito que convém aos homens de Estado, que não se deixam abalar por causa de uma página de jornal nem se deixam governar a si próprios pela ideia de uma popularidade flutuante e arriscada. Sucede, pois, que “o caso Mário Crespo” é uma desnecessária amostra de fragilidade. A “vida pública” depende, em primeiro lugar, da qualidade das atitudes das “figuras públicas”; procurar “uma solução” para jornalistas desafectos não será uma forma de melhorar a qualidade da democracia.
Governo discorda de Constâncio sobre o aumento dos impostos indirectos.
Tomas Eloy Martínez – que morreu ontem – era um cavalheiro sul-americano, autor de dois livros admiráveis: ‘Santa Evita’ e ‘Cantor de Tango’, entre outros. Conheci-o quando já estava minado pela doença, mas sem ter perdido o extraordinário talento de contador de histórias. Mais do que isso: inventor, efabulador, narrador. São coisas diferentes – as histórias de Tomas encontravam sempre uma ligação à história amarga ou aventurosa do seu país e aos delírios que produziu. A Argentina tem autores desses, como Juan José Saer ou Belgrano Rawson (para não mencionar Bioy Casares, Borges, etc.) que encaram a dimensão do seu território como um cenário para todas as fantasias, por mais dura que seja a realidade. É isso que os torna sedutores: não serem evangelizadores mas escritores.
[Na coluna do Correio da Manhã]
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