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Ontem, domingo de eleições, almocei com um amigo italiano. Expliquei-lhe, sucintamente, que Portugal era um país brando e solarengo, mas cujos humores oscilavam bastante. Temos uma tradição de homicídios políticos pela província. Neles, tudo se mistura: caçadeiras a monte, ódio político, disparate latente e questões sentimentais. O caso de Ermelo, Vila Real (900 eleitores), vem daí. Em Portugal não seria possível uma disputa italiana como a de Giovanni Guareschi, entre Don Camillo e Peppone. Falta-nos humor para o essencial e coragem para olhar as coisas de longe. Camillo e Peppone, o padre e o comunista, sabiam que eram parte do conjunto – e ajudavam-se para nenhum deles perder a face. A miséria da política é como em Ermelo: pede a exclusão. Daí ao tiroteio é um passo.
[Na coluna do Correio da Manhã]
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