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Retenção.

por FJV, em 22.07.09

Uma escola do Minho decidiu não reprovar um aluno que contava nove negativas. As razões aduzidas são sérias, têm a ver com o ambiente familiar do jovem que, há três anos, recebe apoio psicológico – e o conselho escolar decidiu que era melhor passá-lo para o 9º ano em vez de aplicar«a retenção», como agora se diz em vez de «chumbo». Nove disciplinas negativas é, no entanto, um número aterrador. O que vai acontecer é que, no 9º ano, o aluno vai repetir o insucesso dos anos anteriores, como mandam as regras e ilustra a experiência. A ideia de que a penalização seria traumática e, vamos lá, injusta, tem os seus defensores – com muita jurisprudência e psicopedagogia, à mistura com caridade vagamente cristã. Infelizmente, sem sensatez ou sentido das proporções. A isto chegámos.

[Na coluna do Correio da Manhã]

 

Adenda: Cerca de uma centena de alunos dos 2º e 3º ciclos do Ensino Básico transitou, no final deste ano lectivo, com oito ou mais negativas.

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Exemplos.

por FJV, em 22.07.09

Estudar o século XIX português e ler Oliveira Martins pode ser uma porta para compreender a actualidade – uma sociedade minada pela desvalorização da grande corrupção (os grandes negócios do Estado e das corporações) e pela perseguição da pequena trapaça. Aos primeiros serve sempre um sistema judicial baralhado e impotente, muitas vezes medroso, sujeito a discussão pública e ao escrutínio dos partidos envolvidos no sistema político – e onde há sempre uma saída para os envolvidos. Pelo contrário, a “pequena fuga à legalidade” é mais fácil de caçar – porém, é mais criativa e, muitas vezes, é o refúgio da classe média para sobreviver. O problema é que não se consegue eliminar a segunda sem perseguir radicalmente a primeira – o exemplo está no Estado, malicioso e trapalhão, justificando sem cessar os seus arranjos e os seus negócios.

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