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Cinco graus abaixo de zero, frio, humidade, as montanhas à volta à espera da neve. E as árvores da minha infância: castanheiros, carvalhos, faias, choupos. E o silêncio no meio do frio. Um dia ou dois bastam para recuperar.
Não se pode pedir disciplina, porque é uma palavra de imbecis, segundo ouvi hoje na rádio. O caso da Escola do Cerco do Porto, não vale a pena exagerá-lo ou ceder à tentação da disciplina. Que uma professora seja ameaçada, isso é um pormenor nas estatísticas anuais. Também não se pode dizer que os miúdos andam mais mal criados, porque isso é desconfiar das novas gerações. A fabulosa responsável da DREN pergunta se nós nunca fomos adolescentes ou tivemos uma brincadeira na sala de aula; apetecia-me responder que já fui adolescente e que tive brincadeiras na sala de aula, mas incomoda-me que as brincadeiras de hoje sejam assim. Estamos definitivamente ultrapassados pelo andar dos tempos, pelas novas pedagogias, pelos interesses das Associações de Pais e pela necessidade de arranjar culpados que não apontaram uma arma de plástico à professora. Bom, a professora é culpada, não há dúvida, porque não conseguiu motivar os alunos de forma criativa e «inclusiva». De facto, a culpa também é dos telemóveis, porque permitem pôr estas imagens no You Tube. Como diz a fabulosa responsável da DREN, «no Norte acontecem sempre coisas no último dia de aulas», é Natal, ninguém leva a mal. Entendam-se.
De há uns tempos para cá, a pátria está mais frágil. Chove um pouco mais e os noticiários da rádio abrem com a informação, escaldante, de que não sei quantos distritos «estão em alerta amarelo». Também é verdade que, graças aos maravilhosos urbanistas que tomaram o poder nas autarquias (ou não o tomaram, é outra questão), um pouco mais de chuva significa inundações. Alerta amarelo. A nossa Protecção Civil trata-nos bem.
Neva um pouco e entramos em alerta amarelo no Marão (queriam que nevasse onde?), na Serra da Estrela e na Serra da Nogueira, vá lá. E se há vento? Acima dos 70km/h, as rádios andam à procura de meteorologistas para obterem uma declaração que seja sobre o vendaval que vem aí para varrer o lixo das ruas.
Andamos mariquinhas com o clima. Chove na época das chuvas? Neva no Inverno? Faz calor no Verão? Caiu granizo? Há geadas em Novembro? Alerta amarelo. Há um vírus de gripe por aí? As urgências entupidas e alerta amarelo.
O Eduardo Pitta lista os livros que o Ipsílon considerou o seu best of de 2008. Nada contra, evidentemente, mas isto assusta-me um pouco. Sei que se trata de literatura, mas custa-me a crer que, ao longo de um ano, nenhum destes meus amigos tivesse seleccionado um título de ciência ou de filosofia.
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