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Um dos novos desportos para preencher o vazio da cabeça é o de vigiar os hábitos de Barack Obama, como o de fumar. Os parvinhos elegantes, de ideologia tetraplégica, e as tias do século passado ficaram embasbacados com a novidade – Obama fuma; como é que ele vai fazer na Casa Branca, onde não se pode fumar? Naturalmente, vem até à porta das traseiras onde escapará dos moralistas. Interrogado pela imprensa, o presidente americano lá se justificou: “Mas olhem que tento ter uma vida mais saudável...” Para começar, estar no poder não é nada saudável. Depois, desde que inventaram os políticos com “uma vida saudável” que deixámos de ter bons políticos. Um bom político precisa de um certo suplemento de vício. Olhem para a União Europeia e confirmem: saudáveis, sim, mas uma merda.
[Da coluna do Correio da Manhã.]
Durante o dia de ontem muitos portugueses se perguntaram sobre o que tinham eles a ver com Manoel de Oliveira. Tem sentido, a pergunta – sobretudo porque o cineasta fez cem anos. Gostando ou não de Oliveira, ele transformou-se num monumento, e um monumento raramente se discute; está ali, à chuva, atravessado pelas intempéries, sujeito às caganitas dos pombos e à passagem das estações, é visitado para homenagens e fotografado pelos turistas. Oliveira, portanto, merece – é um monumento que mostramos com dignidade e algum orgulho. Não concordo com aquele crítico espanhol que referiu Oliveira como um dos cineastas mais livres do mundo. Essa ‘liberdade’ foi possível com o generoso dinheiro do Estado e dos contribuintes, o que também foi uma sorte para o seu talento. Não é para todos.
[Na foto: O Dia do Desespero, o filme de que mais gosto.]
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