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Foi assim, e sem saber ler nem escrever. Imagina que começam a jogar mesmo.
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Quanto ao resto, homenagem a Bruno Alves (também podia ser a Nuno Espírito Santo), que tem preenchido o vazio que existia no FC Porto em matéria de bolas paradas. Antes de também lhe ser destinado esse papel, escrevi para o Diário de Notícias um texto sobre ele:
«Na economia geral do relvado, Bruno Alves não se distingue pela elegância – que é um traço só permitido a quem não tem de suportar as investidas das hostes para entrar na área. Aí, é necessária a exposição desmedida e brutal, uma brava capacidade de resistir de frente, a malícia dos peões que não temem o confronto com a morte. Bruno Alves é tudo isso, e mais – com o pormenor de olhar para o resto do campo e de saber colocar a bola nos extremos, ou à cabeceira, onde o ponta-de-lança estava prestes a sucumbir. O que são, salvo erro, várias vantagens reunidas; a primeira delas é a de garantir a tranquilidade do espectador (não é o que dizem os adversários, claro); a segunda é a de garantir que, por aquele lado caído para a linha esquerda, ele desenha um passe quase perfeito; a terceira não estava ainda mencionada: o seu golpe de cabeça, por exemplo, sobrevoando os dilectos adversários – os da defesa contrária – até encontrar a marca da baliza, aquela profundidade sem nome. [...] Bruno Alves sabe o significado da expressão «tirar desforra», conhece o doce sabor da pequena maldade, é um guerreiro. Jorge Costa sabia cercar os seus adversários, atraindo-os ao seu campo. Bruno seguiu-lhe o caminho mas é um herói solitário – o seu sorriso é difícil, sofrido, raro. Mas, quando o mostra, vê-se nele a explosão de um poder raro que os psicólogos tiveram de moderar: ele vê o futebol como uma posse, um acto de valentia, uma humilhação do adversário. E então lança-lhe aquele mau-olhado que perdura durante os minutos que ainda há para jogar. É isto Bruno Alves. O nosso.»
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