Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O Eduardo Pitta comenta uma peça do Público sobre a capacidade de o fisco detectar ilícitos fiscais através dos sinais exteriores de riqueza. A mim, o que pareceu obtusa foi a pergunta colocada pelo jornal aos dirigentes da administração fiscal; vejam o mimo: «Porque não há, nesse caso, um controlo automático de detecção de sinais exteriores de riqueza?»
Não sei se se percebe o incentivo, mas, se ele existe, é perigoso demais para ser verdade. Controlo automático?
A maior parte dos comentários sobre a violência nos subúrbios de Lisboa divide-se entre a paranóia do medo e o ventriloquismo da «violência policial». São reacções de cães de Pavlov. Ontem, na rádio, um morador da Quinta do Mocho definiu as coisas com alguma grandeza: que há falta de respeito pela lei e que esta é a «natureza da maldade» (eu só lhe somaria a guerra surda em nome do tráfico). A descrição do assassínio de Marco Vaz, durante o fim-de-semana, fornece esse retrato com fidelidade. Os sociólogos da televisão transferem a realidade para os laboratórios e os deputados que falam da polícia como de um bando de assaltantes têm a casa protegida. Os pobres e os humildes são as principais vítimas da violência – da falta de respeito pela lei e da natureza da maldade. Sempre.
[Da coluna do Correio da Manhã.]
Para que conste, o encontro com o Tomás foi a uns bons metros de altitude, mas maneirinhos, a fim de comer grão com acelgas, arroz de feijão e outros elementos onde havia hidratos de carbono e parcimónia de proteínas. A foto foi tirada pelo meu relapso companheiro de blog.
O Tomás, com uma clareza meridiana explica o essencial que serve de carapuça à blogosfera vigilante: «Demarco-me de posições [...] quando não estou de acordo.»
O pobre conde de Gouvarinho (marido da mais injustiçada personagem da literatura portuguesa, a Sra. Condessa de Gouvarinho) protestava a meio do Chiado: «Quer a gente um ministro? Não há um ministro. Quer-se um economista? Não há um economista.»
Pois a pergunta é mais simples: José Sócrates anunciou ou não que Portugal criou «133 mil empregos líquidos desde o mês de Março de 2005»? Isso é mentira ou é verdade? «Quer a gente uma estatística fiel? Não há uma estatística.»
Resposta para o apartado. Mas esclareçam esta dúvida: criou ou não criou? Ou é da Jamaica?
O desporto americano devia muito aos programas escolares e universitários, que formavam atletas disciplinados e com vontade de vencer. Com a crise da educação no seu auge e o clima de bagunça instalado nas escolas, os EUA perdem medalhas onde antes as ganhavam. Em Portugal, a escola detesta vencedores – acaba com o ensino da música, por exemplo, e não alimenta o desporto de rendimento desde a infância. Em outros países, o desporto é uma forma de promoção social – os jamaicanos, os quenianos e os romenos, por exemplo, trabalham para ser excepção e para terem um lugar no pódio. Uma coisa é fazermos dieta e irmos ao ginásio ganhar elegância para mostrar na praia; outra é alimentarmos a vontade de ultrapassarmos a mediania. Estamos a ficar sem ambição. Sem vontade de lutar.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.