Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Espero que, ao contrário do que aconteceu com o caso do vereador Bexiga, os casos relatados aqui sejam investigados e que não seja preciso proteger a honorabilidade do Ministério Público e do corpo de seguranças da PSP para salvar a face de seja quem for.
Se há uma coisa digna no nosso “amor à raça” é misturá-la alegremente e sem grandes debates. Casámos bastante pelo mundo fora desde o século XVI – e a excepção cabe a períodos de decadência fatal em que ficámos reduzidos ao rectângulo europeu ou vivemos isolados dos outros. Os dados do Instituto Nacional de Estatística, por exemplo, dizem que os casamentos com imigrantes duplicaram nos últimos cinco anos, o que deve incomodar os “puristas da raça”. Ora, a “nossa raça” é impura, felizmente – como os nossos apetites e os nossos desejos. Camões, que serviu para ilustrar a ideologia da “raça”, pintou-nos dessa forma: ele sabia que a “nossa raça” era impura, imoral, e muito disponível para o que os especialistas em demografia chamam “cruzamentos”; não – é mesmo misturança.
[Da coluna do Correio da Manhã.]
Segundo o CM de anteontem, a banca perde dois milhões de euros diários por dívidas incobráveis, o que significa oitocentos milhões anuais de incumprimento apenas por causa dos divórcios: os casais separam-se e as dívidas ficam nas mãos do banco. Há quem atribua esta situação à leviandade com que o governo e a sua maioria ‘facilitam’ o divórcio, tornando-o mais rápido e, até, ao alcance de apenas uma das partes do casal. É verdade. Mas o problema é, muito mais, a facilidade com que as pessoas se casam e se comportam como se fossem uma empresa cotada em bolsa. Se o casamento é um contrato civil, as partes devem ser responsabilizadas; se se trata de um contrato temperamental, os bancos sabiam o risco de aceitar ‘o amor’ (o quê?) como avalista. Ou achavam que bastava legislar?
[Da coluna do Correio da Manhã.]
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.