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Europa irlandesa.

por FJV, em 18.06.08

A Europa, que foi berço de várias civilizações – e não apenas de uma, maneirinha e conformista – não merece tanta arrogância desta gente mal-educada que se põe a pregar moral aos irlandeses por ter votado como votou. O argumento de que apenas dois milhões de irlandeses põem em causa o Tratado de Lisboa não pega: na verdade, apenas eles foram consultados. Se o texto do Tratado é assim tão complexo que apenas as luminárias das altas esferas o entendem, pois que trabalhem (para isso são pagos pelos contribuintes e cidadãos da Europa) e o ponham em língua de gente. Os europeus podem ser cépticos, mas não são tão estúpidos como querem fazer crer – e não podem ser tratados como o velho Mao Tse-Tung tratava os chineses: como carne para canhão. A piada é para Durão Barroso, sim.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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Os médicos espanhóis.

por FJV, em 18.06.08

De Espanha, além de maus ventos, veio, nos últimos anos, um grande número de médicos e de enfermeiros galegos, asturianos, andaluzes, estremenhos, o que for – mas espanhóis. Agora, parece que em Espanha estão a requisitá-los, depois de terem adquirido a especialidade nas nossas províncias. Portugal não pode acompanhar a oferta espanhola e deixa-os sair. Foi graças a eles que o interior pôde dispor de médicos suficientes. Em muitos casos, eram lugares onde os médicos portugueses não queriam trabalhar. Eles foram para lá. Foram e ganharam a simpatia de toda a gente, mesmo sendo maltratados pela brigada de trânsito, que lhes andava no encalço. Passavam a fronteira quando podiam, viviam em vilas do interior, eram discretos, polidos. Antes que vão embora, eu quero agradecer-lhes.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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