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A história prova que o Altíssimo não dorme e tem momentos em que ri bem alto. Um quadro do pintor Lucien Freud (‘Benefits Supervisor Sleeping’, de 1995) retratando uma mulher gorda – literalmente gorda – vai ser vendida este mês durante um leilão na Christie de Nova Iorque numa base de 17 milhões de libras. Nenhum retrato de Carla Bruni, Gisele Bündchen ou Naomi Campbell chega tão alto. Um jornal inglês escolheu mesmo este título: ‘Retrato de mulher obesa é o mais caro do mundo.’ Compreende-se a sugestão, indiciando uma injustiça a reparar pelo pensamento mais elegante e correcto, pela Organização Mundial de Saúde e pela Plataforma contra a obesidade: como é possível valorizar tanto um quadro de “uma mulher obesa”? Mais uns tempos e teríamos várias dessas organizações pressionando Lucien Freud, que está vivo, para não pintar a mulher, Sue Tiller, que também está viva e recebeu 20 libras por dias enquanto posava. Pobres anorécticas, que não merecem esta distinção.
[Da coluna do Correio da Manhã.]
A entrevista de Pedro Passos Coelho a António Ribeiro Ferreira, no CM de ontem, é um marco na história do PSD e é natural que suscite entusiasmo. Não sei onde andou Passos Coelho até agora mas, se esteve a estudar a lição, foi tempo bem empregue. Reconhece-se a sua filiação ideológica, mas percebe-se que o PSD das suas facções tradicionais não tem ali lugar. Também não se sabe até que ponto os militantes do partido, os que têm direito a voto, estão despertos para esse tipo de discurso e de ideias. É provável que a partir de agora ele venha a ser visto como o candidato com ideias mais modernas e dê voz ao eleitorado flutuante do PSD (a classe média das cidades) mais do que às concelhias – que têm sido um factor de atraso estrutural do partido. Se isso basta para ganhar as directas, não se sabe. Mas depois de ter dito o que disse está aberta a porta para a reforma antecipada dos dinossauros, de Santana a Jardim, passando por Menezes e pelo hemiciclo laranja de hoje.
[Da coluna do Correio da Manhã.]
O FC Porto perdeu bravamente no seu próprio estádio. Trata-se de uma derrota clamorosa, mais grave do que se tivesse acontecido no princípio da época. Viu-se uma equipa provinciana, de cabeça no ar, como se tivesse esquecido que tem de defender a sua honra até ao fim. Retomo a minha metáfora preferida: um bando de repolhos.
[Da coluna do Correio da Manhã.]A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.