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Altamente, ganda cena.

por FJV, em 20.03.08
Os colegas, a princípio, vibraram com a ideia; só foram em defesa da professora 1m 20s depois de ter começado a cena. No Carolina Michaelis, do Porto.

(Via Blasfémias.)

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China.

por FJV, em 19.03.08
Hoje, 19 de Março, a partir das 18.30, vai realizar-se uma vigília diante da embaixada da China. O objectivo é o de chamar a atenção para as “violações sistemáticas dos direitos humanos” – dito assim, não faço mais do que repetir os textos das agências noticiosas, encarando o problema como uma relativa anormalidade. Não é. É uma anormalidade de base, profunda e brutal, que não tem a ver apenas com a repressão e a violência agora usada no Tibete – o historial é enorme, vasto, perde-se na história do império e do comunismo chinês. Dirão que se trata de uma “questão cultural” que deve ser resolvida pelos próprios chineses, o que é de uma hipocrisia insustentável. O capitalismo perdoa aos chineses todas as perversões cometidas, em nome do mercado; alguma esquerda perdoa à China todos os desvios em nome de um realismo incalculável. Os Jogos Olímpicos, até agora, têm sido cenário de grandes cedências e de grandes hipocrisias – mas nenhuma ultrapassa as de Pequim.

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Declaração de interesses.

por FJV, em 19.03.08
Depois de várias notícias sobre o assunto (aqui, aqui e aqui) seria impossível não comentar a saída de Manuel Alberto Valente da Asa e do grupo LeYa. Foi o Manuel Alberto Valente, meu companheiro de blog, que me levou para a Asa, quando a editora começou a publicar literatura, em 1991; fui o primeiro autor da Asa, o que me honra muito. Tenho muito orgulho nisso. Devo-o ao Manuel.
A sua demissão da Asa constitui o sinal de uma mudança na editora, mais do que na vida do Manuel, que continuará dedicada ao mundo dos livros, como editor ou como leitor. Como editor dos meus livros, o Manuel A. V. foi o melhor dos profissionais e o mais atento dos amigos. Separámos amizade e trabalho, respeitando-nos mutuamente, como editor e como autor. Sei que é um dos últimos grandes editores clássicos portugueses. Para ele, a vida dos livros não se reduz ao negócio da edição; acompanhou cada um dos autores, cada fase do processo dos seus livros e construiu e manteve amizades fortes no meio editorial, em Portugal e no estrangeiro, o que diz bem da qualidade do seu trabalho e do seu prestígio como editor. Como autor, sei que não será possível ter um editor como ele, excepto ele mesmo.

Dados os mails e telefonemas depois da publicação desta notícia, devo esclarecer que também saí da Asa enquanto autor. Guardo ali a memória de amigos bons e de excelentes profissionais. Não tenho razões de queixa em relação ao Grupo Leya, que agora é proprietário da editora e que certamente tem boas expectativas para o seu trabalho. Simplesmente, percebi que, também eu, precisava de mudar. São caminhos que se separam.

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Esquecimentos.

por FJV, em 18.03.08
Luís Quintais lembra, e bem, que as pessoas se esquecem frequentemente dos textos originais. Neste caso, trata-se de Yeats.

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Welcome to the club.

por FJV, em 18.03.08
O Daniel Oliveira foi condenado por um tribunal madeirense a pagar €2.000 de indemnização a Alberto João Jardim, por lhe ter chamado palhaço. Nada de mais. Daniel, bem-vindo sejas ao clube: por bem menos do que isso (apenas lhe chamei candidato a palhaço) um tribunal local condenou-me, há uns anos, a pagar €12.500 a Alberto João Jardim.

PS - Depois de recurso, a Relação de Lisboa mandou repetir o julgamento...

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Declaração de princípios, atrasada como sempre.

por FJV, em 18.03.08
O governador de NY demitiu-se do cargo por ter «requisitado» (é este o termo, parece, como se fosse uma questão de almoxarifado ou economato) «os serviços de uma prostituta» (estes eufemismos são simpáticos). Não é novidade. Bill Clinton foi perseguido por causa da sala oval, e uma notável série de senadores e políticos americanos ficou já presa pelas virilhas em episódios mais redundantes do que o facto de haver homens e mulheres no mundo. A vida sexual dos políticos é uma questão pessoal e privada e os políticos têm o direito de mentir sobre essa matéria, como qualquer outra pessoa, a menos que incorram em crimes puníveis pela lei geral. Não sei se governador de NY incorreu em algum dos crimes previstos pela lei geral, mas decerto conhecia as regras (escritas e orais, como em outros casos) do sistema. Já há algum problema quando uma pessoa se põe em bicos dos pés numa cruzada moral contra a pornografia e a prostituição, como vem no nosso Conde de Abranhos («ele há grandes problemas...») e depois é apanhado na contramão.
[Da coluna do Correio da Manhã.]

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Vozes de outro mapa. Yasmin Levy canta em ladino, 2. «Alegria.»

por FJV, em 17.03.08

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Vozes de outro mapa. Yasmin Levy canta em ladino, 1. «Mano Suave.»

por FJV, em 17.03.08

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Os bons e os maus, como sempre.

por FJV, em 17.03.08

Parece que o PS vai tentar meter-se com os ‘piercings’, proibindo o seu uso, bem como o de tatuagens, por menores de 18 anos. É uma bela tentativa, digo-vos eu, que detesto ‘piercings’ e acho o excesso de tatuagens uma infantilidade grotesca. Mas, se eu fosse interpretar o “bem comum” (‘piercings’ e tatuagens podem ser perigosos e são esteticamente questionáveis) e transformar “todos os princípios” em lei, não havia código civil que bastasse. Isto não assusta os que pensam que a sociedade precisa de regras que nos levem ao paraíso na terra. O mundo andaria “melhor” – estaríamos vigiados e haveria sempre gente para nos obrigar a escolher o caminho da vida saudável. Nas utopias e nas repúblicas utópicas, havia disso: horas de rezar, de trabalhar e de gozar. No papel, esse mundo era quase maravilhoso – mas na “vida real” era uma antecâmara do horror. Curiosamente, não por causa dos “maus” – mas por causa dos “bons”, que se transformaram em déspotas grotescos e tiranos.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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Cinemateca.

por FJV, em 17.03.08
Pedro Mexia é o novo subdirector da Cinemateca. É bom ver o talento reconhecido. Sorte e bom trabalho, Pedro.

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O cantinho do hooligan. Pomba branca, pomba branca.

por FJV, em 16.03.08

1. Eu disse-te logo de manhã: cuidado com o Ytalo.



2. Associação de Amizade Marrocos-Argentina: Lisandro aos 76, Tarik aos 81. Para estender mais umas semanas. Dezasseis pontos são dezasseis pontos.

3. Encontrei o Miguel na quinta-feira e retive, emprestado, um argumento: é injusto pedir-lhe o esforço de permanecer mais um ano no FC Porto. Elegância é quase tudo na vida.

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Estado de sítio.

por FJV, em 15.03.08
Sobre a intimidade dos políticos revelada em público, sobre os discursos reles, sobre o estado de sítio, nada melhor do que este post já antigo do Filipe: «Gente sem densidade, sem passado, sem miolos, sem livros, sem dinheiro - dos ministros aos rapazitos do shopping - e que assiste impotente a este desvario. Há excepções, claro, mas são mais raras do que o broche de pino.»

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Canções fatais. Silver Jews, «I'm Getting Back Into Getting Back Into You»

por FJV, em 15.03.08


Imagens do vídeo em Jerusalém.

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Canções fatais, memórias pop. Prefab Sprout, «Cars & Girls».

por FJV, em 15.03.08

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Memória.

por FJV, em 15.03.08
O Pedro Correia cita George Steiner (de As Lições dos Mestres) para falar, por exemplo, da importância da memória na aprendizagem; ainda sobre o meu post «A guerra das escolas. Um ponto da situação», é outro dos pontos essenciais da balbúrdia pedagógica promovida pelas autoridades pedagógicas: a desvalorização da memória.

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Piercings.

por FJV, em 15.03.08


Está tudo dito. Mesmo para mim, que odeio piercings. Esta é a notícia sobre a guerra aos piercings. E, como me faltam palavras, peço para ler a Teresa Ribeiro, o João Gonçalves, o Paulo Gorjão, Ana Margarida Craveiro e o Rui Carmo. Às vezes, o absurdo toma conta de tudo, e de tal maneira, que é muito difícil convencer as pessoas de que vivem rodeadas de gente absurda.

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Os almoços não são grátis.

por FJV, em 15.03.08
José Pacheco Pereira paga a conta. Mas diz uma coisa muito certa: a estratégia é, quase sempre, «meter gente séria no saco de gente pouco séria, para ver se na balbúrdia todos ficam sujos». Há aí bastantes exemplos desta estratégia, que tem vindo a anular muitos processos judiciais.

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O porta-voz.

por FJV, em 13.03.08
O porta-voz do PS, Vitalino Canas, descobriu um princípio que,  a ser seguido por todos os portugueses, aumentaria a nossa auto-estima até níveis de grande esplendor. Cito da imprensa as suas doutas palavras: “Quando se fazem balanços é, certamente, para realçar aquilo que se fez bem. E, foram tantas as coisas que fizemos bem, que não temos de perder tempo com o que fizermos mal.” Vitalino Canas, que há tempos se declarou uma espécie de George Smiley, o personagem silencioso, discreto e amargurado de John Le Carré, vai chegar longe na vida e há-de registar êxito atrás de êxito, até não caber mais em si. É certo que o seu papel é precisamente esse: o de anunciar a salvação do mundo e as boas notícias para os socialistas – e o de reduzir as críticas à dimensão mínima. Tão bem cumpre o seu papel que a sua credibilidade está reduzida a quase nada – ele diz uma coisa, seja sobre o que for, e ninguém acredita. Esse é o motor do seu sucesso. John Le Carré ia adorar.
[Da coluna do Correio da Manhã.]

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A guerra das escolas. Um ponto da situação.

por FJV, em 12.03.08
As queixas sobre a educação encontraram agora um argumento político de força, graças à manifestação dos professores. A avaliação iria pôr termo a todos os males e levar-nos ao caminho da civilização. Mas, na verdade, a guerra contra os professores e os pedidos para que as autoridades actuem sem recuo faz esquecer o pormenor: avaliem o trabalho do Ministério nos últimos vinte anos. Não dos proprietários ou ocupantes temporários da pasta, mas dos verdadeiros donos do ME, uma classe de experimentalistas que elaboraram programas, preâmbulos a programas, ordens burocráticas e documentos sobre procedimentos burocráticos, escalas de reuniões e curricula absurdos (e que, inclusive, autorizou curricula ainda mais absurdos para valorização «profissional» de professores hábeis, muito hábeis), ausência de razoabilidade em processos disciplinares, reformas e contra-reformas curriculares ao sabor de pantomineirices (como a TLEBS, a imbecilização no ensino da Matemática, da História e da Ciência) que favoreceram a falta de cultura científica e de hábitos de trabalho dos estudantes. Esses são os verdadeiros responsáveis. Meter na escola – essa arena onde o ME sempre esteve impune e sempre defendeu a sua autoridade para impor regras e princípios sem discussão e sem participação – pais, autarquias, estatísticas, julgamentos pelos pares, inspectores sem competência científica e até gente analfabeta mas com todo o conhecimento da novilíngua ministerial providenciada por génios que raramente ou nunca deram aulas ou estiveram mais de dois anos seguidos numa escola, não é o melhor método de nos levar ao caminho da civilização.
Claro que se pode questionar uma avaliação feita contra os professores, mas essa é uma guerra fácil e cheia de armadilhas. Basta ver os blogs, de esquerda e de direita, pedindo autoridade, disciplina e avaliação. Avaliam-se resultados, sim; mas com que instrumentos, com que programas escolares, com que linguagem técnica?
A questão, aqui, não é a de dar crédito aos sindicatos ou às multidões, a de apoiar a ministra (mais uma vez, aliás, é o secretário de Estado Jorge Pedreira que vem salvar a nau...) ou a de considerar que qualquer recuo é uma derrota de José Sócrates. Outras equipas optaram por outro caminho: primeiro, tratar da matéria educativa, dos programas, dos curricula, de um estatuto do aluno sério e capaz, da chegada do rigor (esse sim) ao ensino das ciências e das humanidades – depois, tratar também da avaliação dos professores. Estranho, por isso, que tanta gente caia na armadilha.
Na verdade, esta ministra não tratou de reformar a escola, nem o ensino, nem a educação; tratou, isso sim, e com razoável eficácia, de melhorar as estatísticas e de disciplinar o funcionamento da rede ministerial (desde os célebres corredores da Av. 5 de Outubro às regras para auxiliares administrativos, comportamento de professores e de sindicalistas). Fez bem. Era um ponto. Mas a verdadeira reforma, aquela que este sistema de avaliação há-de esconder, essa não me parece que esteja a ser feita. Coisas simples: o que defende o ME sobre a utilização de calculadoras no ensino básico?; o que diz o ME sobre o programa de ensino de Português?; por que razão entrega de mão beijada o ensino da Literatura e da Filosofia?; por que razão se continua a autorizar o aumento do preço do livro escolar (vem aí, vem aí, preparem-se...)?; foram os professores ouvidos sobre as reformas curriculares? Eu queria um ME que se preocupasse com isso. Argumentarão que a avaliação é o primeiro passo para que o ME deixe de tratar todos os professores como «os professores» e passe a distinguir os bons, os maus e os outros. Mas a fazer o quê, nas escolas?

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Cores vivas. Ou mortas.

por FJV, em 12.03.08

“Chegou, empurrou a porta com força e deitou o meu irmão [José Torres] ao chão.” Ele tinha sido “um pouco bruto”, diz a crónica do crime de Boticas, publicada ontem no jornal. O que fez então José Torres, de 78 anos? Conta a própria irmã: “Com os nervos foi buscar a pistola e disparou.” Atingiu o outro com dois tiros no coração. O leitor passa por esta história e não lhe encontra o sabor da “criminalidade urbana” que atinge os subúrbios e as noites de Lisboa e do Porto; é um homicídio de vinganças antigas, no intervalo de um jogo de futebol – mas hoje mata-se mais, mais friamente, com o sentido da banalidade muito apurado. Há umas semanas, depois de ter disparado por duas vezes um revólver contra o peito de um antigo amigo com quem andara a jogar à bola da vizinhança (depois, as namoradas separaram-nos), o rapaz olhou à sua volta e perguntou: “Queriam que eu fizesse o quê?” Não é a imagem de um país, mas ajuda a compor o retrato com cores vivas. Ou mortas.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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