O governador de NY demitiu-se do cargo por ter «requisitado» (é este o termo, parece, como se fosse uma questão de almoxarifado ou economato) «os serviços de uma prostituta» (estes eufemismos são simpáticos). Não é novidade. Bill Clinton foi perseguido por causa da sala oval, e uma notável série de senadores e políticos americanos ficou já presa pelas virilhas em episódios mais redundantes do que o facto de haver homens e mulheres no mundo. A vida sexual dos políticos é uma questão pessoal e privada e os políticos têm o
direito de mentir sobre essa matéria, como qualquer outra pessoa, a menos que incorram em crimes puníveis pela lei geral. Não sei se governador de NY incorreu em algum dos crimes previstos pela
lei geral, mas decerto conhecia as regras (escritas e orais, como em outros casos) do sistema. Já há algum
problema quando uma pessoa se põe em bicos dos pés numa cruzada moral contra a pornografia e a prostituição, como vem no nosso
Conde de Abranhos («ele há grandes problemas...») e depois é apanhado na contramão.
[Da coluna do Correio da Manhã.]