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O cantinho do hooligan. Eu sei que estavam à espera.

por FJV, em 05.03.08
O resultado é este: depois de uma primeira parte tristonha, uma série de bolas mal chutadas. Não há solução nestes casos. Podíamos falar sobre a grandeza do futebol e sobre os últimos sete metros do campo, que são os mais escorregadios; mas seria conversa sobre conversa. Há equipas que parecem predestinadas a perder, como os cantores de mariachis que falam sobre a morte e a perdição. Mas não é o caso. O cantor de mariachi tem uma energia superlativa para cantar a desolação; é disso que ele fala, mas remata com decisão e afinco. Ignora os sete metros finais, porque sabe que a sua vida deixou de estar em jogo – a partir daquele limite, nada o prende, nada o impede de ser herói. E vai à luta. Os jogadores do FC Porto esqueceram a lição, ou ninguém a ensinou a tempo. Para o ano lá estaremos, de certeza.

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Zangados.

por FJV, em 05.03.08
Um amigo que vive noutro continente, ao jantar, conferindo o estado da pátria: «Está tudo muito zangado. Liguei a televisão e vi um ex-polícia muito zangado a falar de crimes. Vi os jornais e está tudo muito zangado a falar de política.» Agustina Bessa-Luís falava de «certos períodos em que o ódio é mais abundante». Talvez este seja um deles. Há ondas de ressentimento que afectam as pessoas; dispara-se para a ASAE, para o Ministério da Educação, para o Benfica ou o FC Porto, para os pobres funcionários das repartições; não que não haja razão. Nestas alturas lembro a poesia apenas por dislate; há um poema de Manuel António Pina em que se reflecte sobre «a origem da poesia» e a sua «natureza», para depois, diante de um velho funcionário de uma repartição, amedrontado no seu guichet, se fazer esta pergunta: «E o que fez a poesia por este senhor?» Fomos ficando insensíveis, provavelmente. Há certas alturas em que a zanga é a linguagem habitual, a mais normal. São períodos que antecedem a mudança ou a indiferença. Creio que virá a segunda hipótese.

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Um vazio meio complicado.

por FJV, em 05.03.08

Apesar de tudo, o líder do PSD declarou isto com ar sério: “O PSD ainda não merece ser Governo, o PS já não merece ser Governo”. Entre uma coisa e outra, fica ali um espaço para preencher. É aquilo que Menezes chama “um vazio complicado”. Está a ser optimista. Na verdade, é esse o estado geral do país desde há uns tempos.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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O centro, pobre centro.

por FJV, em 05.03.08

Parece que vai nascer um novo partido “entre o PS e o PSD”, “humanista” e que “quer estar ao centro”. O seu líder diz que quer oferecer aos portugueses uma “política da esperança”. Convenhamos que não é muito original –a ideia é baralhar o ‘centro’, que já anda confuso e espatifado e cheio de patifes. O projecto do Movimento Esperança Portugal integra-se naquele conjunto de iniciativas cheias de boa vontade e de ingenuidade que todos os cardiologistas gostariam de ver a contaminar a sociedade. Felizmente, a política não se fez para quem quer conciliar os portugueses e fazer-lhes ver o caminho da alegria – para isso existem o futebol, a psicanálise, o sexo e até a religião, entre outras coisas. A política é um mundo complexo cheio de compromissos, descaramento e gente de mau-feitio. É nessas coisas que acreditamos. Quando ofereceram o poder ao Mestre de Avis, explicaram-lhe: prometa o que não pode, ofereça o que não tem e perdoe a quem não o ofendeu. Aprendam.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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Posta restante.

por FJV, em 05.03.08
Parabéns atrasados ao Blasfémias, que comemorou mais um aniversário. Ao Tiago Barbosa Ribeiro, que também festejou mais um aniversário do Kontratempos. Ao sempre simpático Vítor Dias, outro aniversarante (no Tempo das Cerejas). Ao O Insurgente que, depois de retirado do ar, voltou com um grafismo muito melhor. É o que faz andar distraído.

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