Este caso dos
ilegais marroquinos entregues às autoridades de Marrocos devia dar pano para mangas e não se percebe por que razão não deu. Nem a
igreja católica protestou (e eu lembro os tempos em que a Rádio Renascença e figuras da igreja se empenhavam em discutir a situação dos ilegais em Ceuta, por exemplo), nem outras confissões mostraram a sua voz para chamar a atenção para o problema ou para as suas soluções. Pessoalmente, gostava de ver este sector mais atrevido; é uma pena que a Comunidade Israelita de Lisboa não tenha mencionado o tema; que a Mesquita não tenha aparecido. Todos estão adormecidos. Agora é tarde, porque dos 23 desembarcados em Olhão já foram expulsos 16, e desses 16 não há notícias senão de quatro que terão chegado a suas casas. A questão, como demonstrou o
Eduardo, não é a da
aplicação da lei, mas a da menção à frase essencial «
pois tu foste estrangeiro». Tem de haver uma explicação para a dualidade de respostas até agora dadas pelas autoridades; nuns casos, com os holofotes das televisões, vão buscá-los a Espanha para mostrar a
face humana da pátria; noutros, expulsam-nos às escondidas porque são marroquinos, gente do deserto, e nem sabiam que tinham chegado a Portugal.