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Smoking, no smoking.

por FJV, em 07.01.08


O Pedro Boucherie escreve no Atlântico um texto que me merece apoio: «Sou livre de gostar da lei do tabaco.» Tal como se tem referido neste blog, a lei encontra-se no limite do razoável e não é caso para tanta gritaria. Vamos e venhamos, a lei garante uma boa margem de liberdade de escolha (hoje almocei num civilizadíssimo restaurante, de preços muito moderados, para fumadores) e, graças aos seus buracos, estrategicamente não regulamentados, permite algum bom-senso.
Desde o princípio desta discussão tenho afirmado o meu apoio a esta lei; não ao proibicionismo higienista, que seria a intenção inicial, quando «o legislador» pensou em banir o tabaco de todo o espaço público. Evidentemente que a reacção imediata foi suscitada mais pelo ar evangelizador e pelo radicalismo da DGS e das autoridades, do que pela própria lei; como se vê, há espaços suficientes para fumadores poderem sentar-se confortavelmente a saborear a sua cigarrilha digestiva, se é esse o problema.
Chegámos a isto, aliás, pela absoluta falta de respeito pelas leis existentes. As leis de 1968 em diante, até à década de oitenta (e creio que de noventa) faziam supor já a interdição de fumar em certos espaços públicos. Era sensato. Na maioria absoluta dos casos, era imprescindível: escolas, lojas (excepto de tabacos, evidentemente), hospitais, recintos desportivos fechados, etc, etc, etc. Estava tudo lá, muito bem legislado. Mas não se cumpria, como é habitual. Aliás, esta lei actual veio apenas acentuar aspectos que já existiam nas leis anteriores, acrescentando os espaços de restaurantes e bares, onde, mesmo assim, garante uma certa liberdade de escolha.
Proíbe-se o fumo nos centros comerciais? Não me choca. Talvez passe a haver menos gente, não é mau. Proíbe-se o fumo nos transportes públicos? Já estava proibido antes, e a excepção era a magnífica carruagem de fumadores no Porto-Lisboa-Porto da CP, que desapareceu em Dezembro. Nos aeroportos? Mas é assim em todo o lado, e em Portugal há algumas áreas para isso.
Proíbe-se o fumo nos locais de trabalho? Confesso que não é assustador. Na redacção da Grande Reportagem, onde éramos uma dúzia, chegámos (70%, faço agora as contas, eram fumadores), por auto-regulação, a interditar o fumo porque duas colegas nossas estavam grávidas e um sofria de gripes e sinusites permanentes (o desgraçado). Vínhamos ao corredor, paulatinamente, periodicamente, conversar uns com os outros. Como fumador, não gosto de incomodar os não-fumadores com o cheiro do tabaco, que lhes pode ser desagradável. Dormir com cheiro de tabaco, não acho suportável. Nem acordar. E estou disposto a vir fumar para a rua de vez em quando.
Fumar é um prazer de civilização que não deixo que mo roubem. Mas não estou disposto a vulgarizá-lo apenas por causa do fundamentalismo anti-tabagista que quer vulgarizar a limpeza da espécie.
Publico esta lista de restaurantes onde se pode fumar (e que começou por ideia do Manuel Alberto Valente, e que ele continuará) porque acho que nenhuma lei nos pode proibir de fumar. Os restaurantes cobardolas, que se transformaram em não-fumadores para ver se pegava, não têm sorte comigo. A maior parte deles podia garantir a opção de fumar, podia garantir a convivência entre fumadores e não-fumadores, podia investir um pouco; mas era mais fácil lixar o cliente. Não querem? Pois que se lixem. Apelo ao boicote. E, em alguns casos, à campanha contra a sua indelicadeza.
De resto, espero que o bom-senso regresse, que os restaurantes cobardolas se envergonhem, depois das bravatas de uns pelotões da PSP e da GNR que foram chamados para apagar cigarros. E que o mundo seja assim: fumadores (que devem ser alertados para os males da cigarrada) fumam onde é permitido; não-fumadores não fumam. Talvez seja o melhor método.

(A foto da Laureen e do Humphrey foi roubada ao Terceira Noite, directamente.)

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Blasfémias.

por FJV, em 07.01.08
O Blasfémias está detido para averiguações pelo Blogger. Parece que um denuncista anónimo se queixou ao Google; que o Blasfémias seria um blog-spam. O país das denúncias anónimas (que a polícia protege e incentiva, que a administração pública quis contemplar) actua.

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Argumento de autoridade.

por FJV, em 07.01.08
Em matéria de linguagem, o director da ASAE ensinou o caminho: “É o rumo desta sociedade e nós, se não quisermos viver nesta sociedade, temos a hipótese de emigrar.” Agora, que recordo essa frase, parece-me que Portugal está meio sem-sentido. Como se permite que este cavalheiro diga isto aos seus concidadãos? Como permitimos nós que isso aconteça? Emigrar? Quem autorizou o cavalheiro a fazer chantagem com os outros? Mas isso é um problema de linguagem. Agora é o ministro das Finanças a falar do polícia e do ladrão, en passant. Ah, sabemos onde isto vai chegar.

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Voltaire.

por FJV, em 07.01.08
O Cadeirão Voltaire, de Sara Figueiredo Costa e Andreia Brites fala de livros. Parece-me que há uma recomposição do campo dos blogs sobre livros. O que é uma excelente notícia.

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Ena, ena.

por FJV, em 07.01.08
Prémio Leya de Romance: não há fome que não dê em fartura.

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Um ano de estouro.

por FJV, em 07.01.08
Festejar a entrada do ano com tiros para o ar, a última coisa imbecil de que esta gente se lembra. Manuel António Pina relembra o facto e lança o repto: «Preparemos a artilharia porque vem aí, já no dia 10, o Ano Novo islâmico e, depois, a 14, o ortodoxo, a 22 o budista, a 7 de Fevereiro o chinês, a 14 de Março o "sikh", a 21 de Março o baha´'i, a 6 de Abril o hindu, a 14 de Setembro o copta, a 29 de Setembro o judaico.… Vai ser um ano de estouro.»

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