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Termalismo real.

por FJV, em 25.12.07


A meio da noite (bom, pelos meus critérios, lá pelas dez e meia, onze) encontro todo o género de pessoas na fonte das termas de Chaves. Vou lá por vício, levo o copo de casa (em Chaves, muita gente tem copos no porta-luvas do carro por isso mesmo), bebo a dose que me parece mais indicada à digestão, faço uma caminhada junto do Tâmega, mesmo quando chove, e regresso a casa. Raparigas elegantes que dá gosto ver, também lá vão. Sexagenários, adolescentes, gente em dieta de emagrecimento, grávidas, toda a gente. Anteontem, contei dois jornalistas lisboetas. Hoje, um professor de filosofia no Porto e um grande gestor (sim, desses) de uma dessas empresas (sim, dessas), sem falar de amigos antigos. Mantemos o hábito. O que nos faz essa água, quente, a 70ºC? O meu avô fazia a sua temporada de termas, queixava-se do fígado. Com o Fernão Magalhães Gonçalves, que me apresentou, passeei com Torga naqueles jardins, depois da sua «água da tarde». Isso é uma coisa, na época das termas. Mas nós, os bebedores anónimos, somos «civis» naquele reduto. Tratamos da digestão, passeamos no rio, andamos no meio da chuva.
[Foto de Humberto Serra

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Designações.

por FJV, em 25.12.07
O ministro Rui Pereira, lamento informar, tem razão neste assunto: ao contrário «do que se pensa», a vaga de crimes no Porto não traduz um aumento da criminalidade. Nem os jornalistas nem os políticos souberam distinguir entre criminalidade e história policial. Convinha «a certos» (como se diz no Porto, exactamente) que uma coisa se sobrepusesse a outra. Quem não entende a diferença entre as duas coisas, não entende nenhuma delas em separado.
O ministro não tem razão nenhuma é quando menciona a «mediatização». Um crime é mediático por natureza; aliás, já agora, algumas das melhores páginas de sempre na história do Jornal de Notícias têm a ver com crime; eram de artista, bem feitas, bem desenhadas, com histórias bem contadas e sempre próximas da rua.

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Revista de blogs. Contas de Natal?

por FJV, em 25.12.07
«Qualquer coisa na mensagem de Natal do nosso primeiro-ministro - não sei se o tom satisfeito, se o olhar elevado (quem é que teve a ideia de pôr o teleponto acima da câmara?) - despertou em mim o pequeno taxista que há em todos nós e, perante o anúncio do bom estado das contas públicas, dei por mim a pensar "O que tu queres sei eu!".»
{Cristina Ferreira de Almeida, no Corta-Fitas.}

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Uma vida violenta.

por FJV, em 25.12.07
A propósito das histórias da violência do Porto, não há muitas coisas subterrâneas e o assunto não é muito fértil para as teorias da conspiração. Um dos caminhos legítimos é o de analisar a espuma da imprensa e das suas intenções (quanto mais próximas do que nós pensamos estão as insinuações da imprensa, mais verdadeira ela parece ser); mas as histórias reais aproximam-se mais disto do que dessa coisa luminosa que é o recorte e arquivo de imprensa. É uma pena, não é?

Ver e ouvir, também, os links desta página.

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Desculpem estragar a West Coast.

por FJV, em 25.12.07
Crónica de Manuel António Pina no Jornal de Notícias.

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Adenda.

por FJV, em 25.12.07
Sobre este post («Beluga, telemóveis e capital bancário»), o Tomás Vasques esclarece, e bem: «Segundo os dados da SIBS (de acordo com o Público), nos primeiros 18 dias de Dezembro os portugueses usaram os seus cartões Multibanco para levantar 1388 milhões de euros e para comprar produtos com o valor de 1547 milhões. Estes números, somados, representam um acréscimo de 6,3 por cento face aos mesmos dias do ano anterior. Tendo em conta que a inflação homóloga, em Novembro, se cifrou em 2,8 por cento, regista-se um acréscimo real das aquisições feitas utilizando este método de pagamento de 3,5 por cento.»

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O longo braço do poder.

por FJV, em 25.12.07
Tem toda a razão LR no Blasfémias, quando diz que o episódio do BCP confirma a impotência do capitalismo português e a sua tendência para se «refugiar na asa protectora e interesseira do Estado». Só que LR acha que isso dói. Ora, não dói coisa nenhuma. Sendo verdade que, diante da ameaça do «escândalo público», o suposto capitalismo português «verga a cerviz, atento, venerando e obrigado», há a considerar que não há nenhum capitalismo português dessa dimensão; há é uma série de gestores e de homens ricos (e que da sua fortuna fazem único emblema de poder) que negoceiam e aproveitam o que podem com o Estado, pai de todas as oportunidades e mãe de todos os vícios. Para se fazerem esses negócios, juizinho. Quem é que o capitalismo português foi buscar para salvar-se, quem foi? Mas é o destino.

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Do ponto de vista do argumento.

por FJV, em 25.12.07
Por que razão as ilegalidades cometidas no BCP ou pelo BCP só agora são ilegalidades apesar de Vítor Constâncio ser o mesmo presidente do Banco de Portugal de 2000?

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Um bom argumento. Get shorty.

por FJV, em 25.12.07
A ninguém escapou a intervenção decisiva do Estado na escrita do guião do «episódio BCP». Vítor Constâncio está no Banco de Portugal e sabia. Teixeira dos Santos esteve na CMVM e sabia. Porém, interessa considerar o primeiro aspecto importante do ponto de vista do argumento: diante da evidência do desastre, do perigo iminente de investigações aprofundadas e públicas, da ameaça de sanções e de prejuízos, houve uma reunião em que accionistas do BCP convidaram Santos Ferreira para liderar o banco.
Segundo aspecto importante do ponto de vista do argumento: sendo certo que o dinheiro não tem cor, que mais valias ofereceria a nova liderança para que, com a sua presidência, o cenário de crise fosse afastado? Será que, com a nova liderança, presidência e vice-presidências incluídas, estaria afastado o cenário de investigações aprofundadas e públicas, de sanções e de revelações dos pecados da finança?
É claro que, do ponto de vista do argumento, isso implicaria que alguém pressentisse o xeque-mate. Para salvar o rei, entregam-se os bispos e as torres. Ou convida-se o próprio adversário a poupar o prestígio do rei (e da rainha, uma vez que são precisas peças) para que o jogo continue. Como se sabe, o xadrez dá pano para mangas.
Porém (estamos a falar do ponto de vista do argumento), a nova liderança tem de dar a impressão de que vai salvar o jogo e não impor as suas regras a troco de um religioso silêncio. Não pode substituir todos os generais. Mas, por lapso e atrevimento, revela mais do que devia: o general-chefe quer levar todos os seus ordenanças e isso levanta suspeitas.
Do ponto de vista do argumento, estamos numa encruzilhada.

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