Coisa dramática a chegada da
lei do tabaco (abreviemo-la assim). Como fumador, estou de acordo quanto à letra da lei. Primeiro ponto. Por isso não compreendo o ar choraminguinhas
do Director Geral da Saúde, com quem até simpatizo, ameaçando
demitir-se se a lei não for levada à prática. Ele tem aquele ar de barba mal aparada, ligeiramente apopléctico, de quem gosta de boa mesa e tem com a saúde uma relação simpática. Demitir-se
se o quê? Pessoalmente, acho que o bom-senso vai ser a nota dominante, apesar de notas
verdadeiramente civilizadas de alguns porta-vozes de restaurantes chiques de Lisboa, que em vez de serem atenciosos para com os seus clientes, independentemente da sua condição de fumadores, dizem «quem quer fumar vai para a rua». Já tomei nota dos nomes e endereços.
De resto, como disse, concordo com a lei e não me assusta; certamente deixarei de ir a muitos restaurantes para refeições prolongadas, mas todas as outras medidas são aceitáveis. Nada de dramas.
Noto, além da declaração despropositada de Francisco George, uma onda alarmante de outras declarações trágicas em nome de pessoas que sofrem de asma e de inclemência pituitária. Portugal vai ser um país mais saudável; não tenho dúvidas. Mas esperemos que continue amável e sensato, mesmo se isso acarretar a demissão do Dr. Francisco George, a quem envio uma suavíssima poeira de
H. Upmann Cigarritos que é o que estou a fumar neste momento, em zona autorizada -- pedindo-lhe que reconsidere. Gosto de o ver na televisão.