Quando,
há mais de seis anos, comecei a escrever (e a publicar reportagens)
sobre o Sudão e o Darfur, os
massacres no Congo e na Somália, houve vozes que mencionaram o
relativismo dos números e, outras, que alertaram acerca do quanto eram
relativos os direitos humanos. Eles tinham razão. Verifico hoje que eles tinham razão e terão razão.
A União Europeia foi à China entregar Taiwan às mãos de Pequim, dizer que o referendo na Formosa era um problema que só iria gerar problemas, e que a China era só uma (com que direito?). Apesar da situação dos direitos humanos no Zimbabwe e no Sudão/Darfur, a UE tudo fará para não mencionar o assunto durante a cimeira de Lisboa. Uma vergonha. Uma vergonha pelos que morrem, uma vergonha pela longa tradição de defesa dos direitos humanos que foi bandeira da Europa e que nos fazia ser europeus. Hoje, os senhorinhos da Europa, Kissingers de algibeira, sacrificam quase tudo. Os mesmos europeus que rejubilaram por Timor (quem?, quem?) não hesitariam em deixar que Pequim invadisse Taiwan se isso mantivesse os negócios de armas; como acham que é possível converter Mugabe e estão dispostos a esquecer o nome de Morgan Tsvangirai, mesmo quando ele é torturado, preso e as tropas do fascista de Harare matam a direito e sempre no plural. São pretos, valem menos do que as vítimas do Médio Oriente. Julgam que andamos adormecidos.
[FJV]