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por FJV, em 05.11.07
||| Entrevistas de hoje.
A de Nick Cohen, o autor de O Que Resta da Esquerda?, no Público. A de Charles Murray, autor de The Bell Curve, na Folha de São Paulo.

[FJV]

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por FJV, em 05.11.07
||| Notas & Apontamentos.
1. Eucanaã Ferraz publica muito em breve o seu novo livro de poemas, com o título Cinemateca, edição Companhia das Letras. Poemas narrativos, como filmes.

2. A Record publicará o aguardado livro de Reinaldo Azevedo, o novo ódio de estimação do petismo. O título terá a ver com o Brasil, mas o subtítulo incluirá a expressão A Sociedade das Ideias Mortas.

3. Manoel Costa Pinto inaugurou hoje o Letra Livre, programa de livros na televisão brasileira. Convidados da primeira emissão, Milton Hatoum e Glauco Mattoso. Na próxima emissão, Marcelo Rubens Paiva e Marçal Aquino. A que horas vai para o ar a emissão? Às 20h00.

[FJV]

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por FJV, em 05.11.07
||| Ouro Preto, 7. Fórum das Letras.










1.
Ouro Preto debaixo da neblina e da chuva numa segunda-feira com ar de despedida.

3. As editoras Língua Geral, Companhia das Letras e Record são as últimas a abandonar Ouro Preto; tirando a Companhia, tanto a pequena Língua Geral como a gigante Record estiveram representadas a “alto nível”, por – respectivamente – Connie Lopes e Luciana Villasbôas.





4. O Soweto String Quartet é uma das descobertas que devo a J.E. Agualusa, juntamente com Angelique Kidjo. Há anos que disputávamos os discos e as raridades de Abdullah Ibrahim e Anouar Brahem. Zebra Crossing, Our World e Four são discos apreciáveis para ouvir.

5. Grupo de autores, de várias idades. Conversa-se sobre música, canções daqui e dali, que canções figuram nos livros de uns e de outros (como no de André Takeda, Clube dos Corações Slitários); idades entre os 24 e os 67; descubro que todos eles têm uma coisa em comum, às escondidas ou às claras: Roberto Carlos.

6. «Ode lenta a Ouro Preto», de Ondjaki.

escrevo as pedras ausentes
luar raso
maresia em estrada
que o sonho traz

saudades dos sinos
que amanhã
hão-de chegar
saudades dos lobos
que longe – bem longe
se esquecem de uivar

escrevo o adeus às pedras
as que não cantam
as que não contam

escrevo estrada morna acesa
bagaço, raiva, dormência
busco outra e outra vez
os lobos as luas
o suor das grávidas
o odor raro das estradas
que dormem
nas raras vezes em que o luar
grita outra e outra vez

o corpo sólido da igreja
que sonha
o calor insano frio
que o sino
ontem vai gritar
outra vez

escrevo os sonhos
as pedras os gritos
dos ausentes
outra e outra vez.

escrevo luar, calmaria
brilhos secos
nos olhos na estrada
da maresia...










6. «Marília e Elizabeth»
Ruas do ouro antigo, barroco de noites escuras, janelas
sobre o vale; o que antigamente tinha uma história
é hoje enumeração simples, sombras sob as varandas,
nos sobrados elegantes, entre os nomes dos fantasmas
que se perderam antes de mim, nos muros, nas mesas
de botecos, Marília adormece nos braços de Gonzaga.
Ainda se ouve a música, ainda se ouve a chuva,
ainda se iluminam as ladeiras de Ouro Preto,

como uma ameaça vinda do fundo, num quadro que
reconhece amantes vencidos, conjura de solitários,
gente que vivia entre as montanhas, os arvoredos.
A história nem sempre é uma grande recompensa,
rodeada de arte, de velharias, varandas, ventanias
que vagueiam entre os vales. As duas mulheres dão-se
as mãos ao entardecer; brava coragem de enfrentar
as dezenas de igrejas cujos sinos dobram a finados

celebrando os mortos em nome dos mortos, o tempo
passado, não a alegria da espécie. Elizabeth escreve
no casarão, ou deixou de escrever; amantes, entristecem,
comovidas pela contrariedade, sabem que o Inverno
é rigoroso, que a trovoada e a maldade caminham mais
depressa, chegam mais depressa ao lado escuro da vida.
Não há romance que lhes ensine como perdoar o medo
onde não há refúgio diante da cidade inclinada.


[FJV]

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por FJV, em 05.11.07
|| Ouro Preto, 6. Fórum das Letras.









1. Muito trabalho nos últimos dois dias e a actualização fica para trás; a actualização e os posts prometidos no último, mais abaixo. Mas houve novidades interessantes. A primeira foi a mesa onde participaram Miguel Gullander, Ondjaki e Patrícia Reis às 14h30. O tema: «Caminhos da experimentação na nova literatura lusófona».
Às 17h00, participei na minha mesa, com Marçal Aquino, Tony Bellotto e
Newton Cannito. Marçal acabou por ser o moderador mas, a meio, Malu Mader exigiu -- em nome de todos nós -- que ele participasse mais activamente. O tema: o romance policial. Será objecto de outro texto, um dia destes.
Fica a imagem da sessão de autógrafos a seguir ao debate.










[Eu, Tony Bellotto e Marçal Aquino]
Coisas que vale a pena saber: Tony (o Flamengo tinha acabado de perder 3-1 com o Cruzeiro) anda em digressão com a sua banda, Titãs, e fazem duo com Os Paralamas do Sucesso. Sairá um disco. Em 2008, ele irá a Portugal. Marçal Aquino também. Quem puder, veja o seu filme O Invasor.

2. Há uma razão para não trazer mais informações sobre a mesa de Ondjaki, Gullander e Patrícia Reis, além de ter sido logo antes daquela em que participei. Ontem a jornada começou pelas oito, para preparar a segunda parte da apresentação dos roteiros/guiões de cinema realizados no âmbito do Cineport.








Primeiro do dia: o de Ana Paula Maia (Brasil), A Guerra dos Bastardos, com roteiro de Pilar Fazito. Uma história muito, muito bem contada, a le
mbrar Almodovar, meio trágico, meio grotesco; um retrato brasileiro muito aplaudido.








Depois
, o de Ondjaki (Angola), Bom Dia, Camaradas, roteiro de João Toledo: excelentes momentos de comoção e de humor numa recordação da infância luandense vivida debaixo da guerra. O texto de Ondjaki favorece muito este género de adaptação, em que a voz off não soa mal, e os quadros mais «sentimentais» não são desperdício. Pelo contrário.

O trabalho de Joana Oliveira com Longe de Manaus deixou-me comovido: o livro fica no osso, certamente, mas a vida dos livros em guião de cinema é assim. Todo o guião é construído em redor da figura de Jaime Ramos, o detective, explorando os momentos de humor e desconcerto, os seus tiques, elegendo-o como tipo fundamental e mantendo três pólos de acção: Porto, São Paulo e Manaus, com Luanda na penumbra. Gostei bastante e o trabalho final com Marçal Aquino foi excelente.
Fica, naturalmente, a perplexidade de ver como
os outros, no Brasil, entenderam a figura de Jaime Ramos; nesse ponto fiquei ainda mais comovido durante a sessão da tarde, quando ouvi as observações de leitores sobre o inspector portuense. Já não é meu. Mas ver que os outros o reconstroem é também muito bom.









[Guiomar Grammont]

3. Em conversa com Guiomar Grammont (a organizadora do Fórum) Malu, Tony Bellotto e Eucanaã Ferraz, nasceu a ideia de imaginar um conjunto de histórias policiais passadas em Ouro Preto. Uma ideia a seguir.

















[Falke, eleito o melhor chopp artesanal da temporada, nascido em BH,
servido em abundância no restaurante Bené da Flauta; Inês Pedrosa e Connie Lopes, a editora da Língua Geral; os cheques-refeição providenciados pela organização e que são aceites nos restaurantes de Ouro Preto -- carinhosamente, são conhecidos por «Grammonts»; Connie Lopes e Miguel Gullander; os livreiros acompanham estes eventos no Brasil: o grande animador e responsável pela Livraria da Travessa; José Miguel Wisnik esteve no Fórum e fez um dos seus shows-aulas, «Nas Palavras das Canções», dedicando uma das canções a Inês Pedrosa -- se puderem ouvi-lo, não percam, é poesia pura.]

4. Amanhã seguem mais instantâneos. Mas pode fazer-se o anúncio: em Abril, de 10 a 13, o Fórum das Letras de Ouro Preto muda-se para Lisboa. O Fórum das Letras de Lisboa está já a ser preparado por Guiomar Grammont e Inês Pedrosa.

[FJV]

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