||| Ouro Preto, 4. Fórum das Letras.
1. Zuenir Ventura, com os seus 76 anos, ao subir ao palco do Fórum (onde ia para o debate sobre «Ficção, História, Jornalismo», com
Ricardo Kotscho e
Rui Tavares), para Liliane Dutra (como ele, mineira e carioca, ou
mineiroca): «Lily, me chama de
gostoso!»
2. Adriano Jordão (adido cultural da embaixada portuguesa em Brasília e, portanto, representante do Instituto Camões) indisposto e com ida ao hospital antes do jantar que ofereceu a escritores portugueses e africanos. Mas cavalheiro e excelente anfitrião, como sempre, saiu do hospital e da farmácia mas passou pelo restaurante Janela do Rosário (mesmo em frente dessa apoteose do barroco de Ouro Preto, que é a igreja de N.S. do Rosário), para tomar um chá de cidreira e dizer duas palavras a todos. De qualquer maneira, que pena
Francisco Seixas da Costa não poder estar.
3. Sérgio Sant'Anna, o autor de
O Voo da Madrugada (que ganhou o prémio Portugal Telecom no Brasil, edição portuguesa na Cotovia), é o mais
desportivo de todos. A meio da manhã desce a Rua Direita, de bermuda e camiseta; fazem-se apostas para saber que jornal ele vai comprar: um diário generalista ou o
Lance!, para não perder o contacto com o futebol.
Sérgio, 66 anos, também autor de
Um Crime Delicado (prémio Jabuti),
de
O Concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro (também prémio Jabuti) ou de
Simulacros, foi uma das minhas grandes surpresas há três anos, quando o conheci. Cheguei a sua casa no Rio, para entrevistá-lo. Eram onze da manhã; ele recebe-me como um
carioca legítimo: calção, havaiana e camiseta. Eu tinha acabado de ler
O Voo da Madrugada e esperava um homem feito à semelhança dos seus textos, angustiados, densos, cheios de tensão e de negrume. Mas Sérgio estava preocupado com a duração da entrevista; é que, durante a tarde, ele queria ficar sentado na sala, rodeado de cerveja e salgadinhos, a ver os três jogos do Euro 2004. Fizemos a entrevista rapidinho; depois, discutimos o futebol de Scolari e a delícia que era ver jogar a Holanda ou a Croácia. Sim, a entrevista correu maravilhosamente, enquanto na cozinha alguém preparava os salgadinhos.
4. José Luís Peixoto (foto tirada num aeroporto, recentemente) actua hoje às 14h30, com Eucanaã Ferraz, para falar de poesia «entre o sonho e a matemática». Hoje, é o único português a subir ao palco do Fórum; de manhã, daqui a pouco, às 09h00, apresentação dos roteiros/guiões de livros para adaptação ao cinema:
As Mulheres de Meu Pai (Angola), de José Eduardo Agualusa;
Perdido de Volta (Angola, Portugal), de Miguel Gullander;
A Guerra dos Bastardos (Brasil), de Ana Paula Maia; e
Longe de Manaus (Portugal). Quanto a
Longe de Manaus, Marçal Aquino gostou da adaptação, o que é uma garantia. Vou ver, em cena, o trabalho de Joana Oliveira.
[FJV]