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«Cresci a ver os grandes do rugby jogar, quando o torneio das 5 Nações fazia parte da programação das tardes de fim-de-semana na RTP1. Numa época em que: 1 casa = 1 televisão = 1 canal; em família de rapazes, não tinha voto na matéria. E aprendi a gostar. Não me perguntem as regras ao pormenor, mas sei o suficiente para apreciar um bom jogo. E este fim de semana vimos uma sucessão deles, ainda por cima com o condimento de alguns sobressaltos face às expectativas. Viu-se o jogo de abertura.[FJV]
"Envio" amanhã para França o meu filho mais velho (jogador júnior e que já integrou por diversas vezes a selecção nacional desse escalão) que vai ver o Portugal - Nova Zelândia. Confesso que ambos ficámos apreensivos a ver o jogo com a Itália. Depois de ontem ver jogar Portugal fiquei mais descansada porque sei que não vão entregar os pontos. E conto com ele para gritar bem alto, no estádio, o nosso apoio à selecção.»
O primeiro passo é sempre o mais difícil. E a presença de Portugal no Mundial de França é um primeiro passo. Para os cépticos, para os teóricos de pacotilha (para quem desporto apenas rima com futebol), para os que se insurgem com a (merecida) cobertura mediática dada à presença dos Lobos em França, esclareço com toda a frontalidade: o nosso campeonato foi o caminho até ali.
A partir da chegada a França as ‘cabazadas’ não afligem. Fazem parte da aprendizagem e do jogo. A proeza individual não se aplica ao râguebi, a mais colectiva das modalidades colectivas (trata-se de um jogo de combate, onde a falha de um é a falha de todos).
Prefiro, muito sinceramente, sentir as denominadas ‘cabazadas’ na pele como se fossem minhas, como se estivesse dentro de campo, a ter de ver no Mundial (como vi até aqui) os nossos ‘iguais’ espanhóis, russos, uruguaios, zimbabueanos ou coreanos perderem por diferenças idênticas ou maiores.
É neste nível que se aprende. Se a oportunidade for bem aproveitada daqui a quatro anos perderemos por menos. Como aconteceu com a Argentina, a Itália, as Fiji ou com Samoa. Se o râguebi dispuser de meios e os souber potenciar, daqui para a frente o único caminho possível é o do crescimento.
E, já agora, prefiro mil vezes ver o Rui Cordeiro a chorar enquanto cantava o Hino Nacional às bandeirinhas penduradas à janela...
[João Fragoso Mendes é jornalista, antigo praticante (na equipa de Direito), animador do Lisboa Sevens, autor do livro 50 Anos de Rugby e ex-director da Rugby Revista; comenta neste blog os jogos do Mundial de rugby; as suas crónicas diárias podem ser lidas no Correio da Manhã.]
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