||| A falta de sentido.A estupidez reproduz-se a si própria, e com bastante facilidade. Vejo-a na televisão, mas não digo isto como moralista. Tanto me faz que «os telespectadores» vejam «A Bela e o Mestre» como o «Só Visto», ou as telenovelas portuguesas ou o que for. É a vida das pessoas. Não quero defendê-las contra a barbárie; não são piores por isso; não quero que se salvem aos olhos dos que «pensam bem» e lhes têm horror. A televisão da canalha é a televisão da democracia, não há volta a dar-lhe. Meninas imbecis transformadas em «apresentadoras» que fazem trejeitos e ironizam sobre os outros; meninos com graça transformados em «comunicadores»; reportagens sobre «as festas» onde as pessoas fazem ainda mais trejeitos e não deviam ser filmadas naquelas figuras (ou: porque é que são filmadas essas pessoas?). A falta de sentido das coisas não tem a ver com o absurdo desta falta de sentido. É a estupidez a reproduzir-se a si própria.