por FJV, em 27.03.07
|||Ainda Salazar, Salazar!«O ponto é este, e muito simples: os resultados não merecem análise. O que eles significam e representam é completamente indeterminado.» Obrigado,
Pedro Magalhães. É isso mesmo.
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por FJV, em 27.03.07
||| Salazar, Salazar.
Outra questão de vida ou morte, segundo parece: a recente vitória póstuma do dr. Salazar não é a primeira. Agradecia que os sociólogos não me maçassem tanto com questões ideológicas tão definitivas como a do triunfo do salazarismo através do televoto. Salazar ganhou o concurso porque é um concurso televisivo; e Cunhal ficou em segundo lugar porque é um concurso televisivo. Os militantes votaram. Mas no caso de Salazar há vários factores. Em primeiro lugar, contou o facto de não ter sido incluído na lista inicial da RTP, claro que contou – e claro que se tratou de censura involuntária. Em segundo lugar, foi tanta a gritaria contra o velho beirão, que as pessoas se irritaram. Em terceiro lugar, foi um voto de protesto (sei que é banal dizer isso, mas não há como fugir à questão). Tirar conclusões acerca de um concurso televisivo? Claro que pode fazer-se. Dá uma imagem do país? Dá. Perguntem às esquerdas que agora protestam o que fizeram de verdade para impedir essa imagem salazarenta do país.
Mas, fora isso, o caso mais surpreendente vinha no JN de domingo: uma repórter foi ao Parlamento perguntar aos deputados da nação em que figura eles votavam: “não responder foi a forma hábil e prudente de a maioria dos deputados evitar entrar em polémicas”, escreve a jornalista – ou, então, eleger o “povo português”... Ora, por que razão não respondeu a maioria dos deputados a essa pergunta simples e banal? Para não se comprometerem. Quase quinhentos anos depois da Inquisição, quarenta anos depois de Salazar, trinta anos depois do 25 de Abril, “não se comprometer” é ainda o melhor – por causa do medo. Por causa do receio em arriscar, em ter uma opinião (mesmo que errada, mesmo que depois se mude), em ser confrontado com outras opiniões.
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por FJV, em 27.03.07
||| Farto da Senhora de Fátima da Ota.
Como quase tudo o que exige respostas racionais entre nós, a questão da OTA é tratada como problema de fé. Há crentes de um e de outro lado. Sou um leigo, entendo pouquíssimo dessas questões técnicas que deviam estar presentes no debate. Compreendo as questões de fé ligadas à OTA, porque são idiotas; mas a contabilidade real de vantagens e desvantagens ainda não a vi. Murmura-se sobre estudos. Fui vê-los. Parece-me que aceitam a hipótese da OTA; mas há dúvidas noutros, há dúvidas. Haverá sempre dúvidas em questões de fé.
Pessoalmente, preferia um aeroporto ao pé da porta e não me apetece andar 50 kms para apanhar um avião para Madrid. Mas, se for na OTA, que ao menos seja decente o acesso, com comboios rápidos e cómodos ao pé da porta. Não me venham é com a ideia de que vamos concorrer com Madrid seja no que for excepto nos voos para o Brasil e, talvez, África. Tantas promessas de futuro lembram-me sempre a Expo, e o melhor que ficou da Expo não está na Expo – são estradas, viadutos, pontes que levam às proximidades da Expo. Portanto, sejam moderados e maneirinhos: precisamos de um novo aeroporto, provavelmente, mas não me venham com a questão da nacionalidade a propósito de duas pistas para Airbus 380 ou com a concorrência com Castela, a Eterna Rival. Façam as contas. Não se trata – não se pode tratar – de uma questão de fé. Ou de compromisso pessoal.
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