||| Um referendo com resultados interessantes.
O «
Inquérito aos estudantes da Universidade de Coimbra: consumos culturais, participação associativa e orientações perante a vida», realizado por Elíseo Estanque e Rui Bebiano.
Comentário de Rui Bebiano, no seu blog: «Cerca de 18,3% dos inquiridos revelou jamais ler livros. Destes, 7,3% pertencem às Artes e Letras, 10,9% ao Direito e 13% às Ciências Sociais, áreas que estão num dos extremos da escala. No outro, quase 48% de Desporto e 40% dos alunos das diversas Engenharias afirmaram jamais pegarem em tais objectos. Do conjunto, para cada rapariga que declarou não ler livros, existem três rapazes que nunca o fazem. Partindo do princípio - não provado, mas que me parece admissível - de acordo com o qual muitos dos inquiridos terão, por pudor ou incerteza, entendido que raramente lêem quando de facto nunca lêem, os valores reais poderão ser ainda mais desoladores.»
Comentário de Luís Mourão, no seu blog: «A questão é: se os universitários não lêem, quem lê? É que me parece razoável dizer-se que hoje se lê mais, embora me pareça também razoável dizer-se que não se lê na mesma proporção em que se edita entre nós. Este "razoável" é enganador? A outra questão é: se os jovens urbanos até aos trinta anos votam maioritariamente à esquerda e apoiam as causas ditas
fracturantes, onde aprenderam eles isso? Haverá já questões de sociedade e cultura que prescindem dos livros e mesmo de um tratamento mais profundo dos jornais? Bastará o
Prós e Contras e o eco disso na conversa do dia-a-dia?»
[Fotografia de Chema Madoz.]