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por FJV, em 01.02.07
||| Fernando Assis Pacheco. 70 anos. Hoje, na Casa Fernando Pessoa, 21h30.7

Quadros de uma exposição
{Imagens de O Universo Pessoal de Fernando Assis Pacheco, a inaugurar logo à noite.}









































1) Assis Pacheco joga futebol com ardinas chilenos. 2) A tese (dactilografada) de F.A.P. sobre a poesia de Stephen Spender e a poesia inglesa dos anos trinta; 3) Alguns dos discos preferidos de F.A.P: Caetano Veloso, Charlie Haden, Chet Baker, Gerry Mulligan, Ella Fitzgerald...; 4) Fernando Assis Pacheco, Rosarinho e as filhas; 5) F.A.P com chapéu da Mongólia, em Pardilhó (1994), e cartão de visita pessoal com a indicação «Fernando Assis Pacheco, obervador de aves canoras»; 6) F.A.P e Rosarinho; 7) A máquina de escrever de F.A.P. (onde escrevia com um só dedo), a mítica Olivetti Lettera 25. 8) Manuscrito de F.A.P.; 9) vídeo de F.A.P., entrevista a Tiago Rodrigues.

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por FJV, em 01.02.07
||| Fernando Assis Pacheco. 70 anos. Hoje, na Casa Fernando Pessoa, 21h30.6

Texto de Fernando Venâncio, no Aspirina B.
Poemas de José Luis Tavares em homenagem a Fernando Assis Pacheco.
Um Tal Assis Pacheco, de Fernando Pinto do Amaral.
Fernando Assis Pacheco, uma Publicação Póstuma, de Joaquim Manuel Magalhães.

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por FJV, em 01.02.07
|| Fernando Assis Pacheco. 70 anos. Hoje, na Casa Fernando Pessoa, 21h30.5

Este ministro é um mentiroso
que agonia quando ele discursa
e se fosse só isso: bale sem jeito
às meias horas seguidas – e não pára!

bem-aventurados os duros de ouvido
a quem o céu abrirá as portas
desliguem p.f. o microfone
ou então tirem o país da ficha

Fernando Assis Pacheco
Respiração Assistida

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por FJV, em 01.02.07
|| Fernando Assis Pacheco. 70 anos. Hoje, na Casa Fernando Pessoa, 21h30.4

O Cu da Maruxa

Um cu que se desvela em Agosto em Ourense
redondo para olhar um cu magnificente
um cu como um bisonte
o teu cu Maruxa adivinhado num restaurante

eu rimo tanto cu que trago na memória
o teu fará por certo mais história
é um cu para a glória é nena impante

rodando na cadeira el’ deixa-nos suspensos
quase presos Maruxa pelos beiços

lembra-me nédio raxo assim forte de febra
lêveda e alva nas Burgas cozinhando
se de soslaio agora se requebra

é como canta Maruxa! igual que um pássaro
ao qual neste mesón péssoro vénia

teu ouriflâmio cu me faz insónia

Fernando Assis Pacheco
Variações em Sousa

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por FJV, em 01.02.07
|| Fernando Assis Pacheco. 70 anos. Hoje, na Casa Fernando Pessoa, 21h30.3

A Profissão Dominante

Meu Deus como eu sou paraliterário
à quinta-feira véspera do jornal
nadando em papel como num aquário
ejectando a minha bolha pontual

de prosa tirada do receituário
onde aprendi o cozido nacional
do boçal fingido o lapidário
- fora algum deslize gramatical-

receio que me chamem extraordinário
quando esta é uma prática trivial
roçando mesmo o parasitário
meu Deus dá-me a tua ajuda semanal

Fernando Assis Pacheco
A Profissão Dominante
, 1982

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por FJV, em 01.02.07
||| Fernando Assis Pacheco. 70 anos. Hoje, na Casa Fernando Pessoa, 21h30.2

Um tal Fernando Assis Pacheco

Vivo com ele há anos suficientes
para poder dizer que o reconheceria
num dia de Novembro no meio da bruma
é como uma pessoa de família

adorava os pais mas tinha medo
quando zangados se punham aos gritos
e se chamavam nomes odiosos
não invento nada vi-o crescer comigo

chorava então desabaladamente
e eu com ele sentindo-nos perdidos
o coberto puxado sobre a cabeça
seria trágico se não fosse ridículo

mesmo depois a noite que urinasse
no pijama era um protesto civil
encharcou assim grande parte das Beiras
não lhe perguntem se foi feliz

25-V-95
Fernando Assis Pacheco (1937-1995)
Respiração Assistida

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por FJV, em 01.02.07
||| Fernando Assis Pacheco. 70 anos. Hoje, na Casa Fernando Pessoa.
Texto de Nuno Guerreiro no blog Rua da Judiaria (Novembro de 2003):

A Eternidade de Fernando Assis Pacheco no Aniversário da Sua Morte

«Estava em Londres a 30 de Novembro de 1995. Liguei para a redacção a avisar que a prosa da semana ia já a caminho. Foi então que me deram a notícia: Fernando Assis Pacheco tinha morrido. Mudara-me para Londres meses antes e ainda sentia na pele o peso da distância de Lisboa. A notícia da morte de Assis Pacheco deixou-me ainda mais só. Já lá vão oito anos.
“Estas efemérides são muito chatas porque, não tendo nós o dom da ressurreição, caímos não obstante num discurso tão próximo do evangélico que soa a falso.” – escreveu Assis sobre o aniversário da morte de Zeca Afonso no Jornal de Letras a 25 de Fevereiro de 1992. Agora, perante a possibilidade de fazer o mesmo, não lhe podia dar mais razão.
Conheci-o na redacção d’O Jornal no início da década de 90. Eu um novato. Ele um jornalista lendário. Tive a sorte de crescer no jornalismo com ele ao lado. E de lhe ouvir as histórias que contava ao fim do dia no seu pequeno cubículo da redacção na Avenida da Liberdade.
É quase irónico estar agora a escrever sobre ele, aqui do outro lado do mundo, num computador. Assis nunca usou o computador. Escrevia as melhores prosas de cada edição numa máquina de escrever manual, que acariciava com a mão esquerda enquanto o indicador direito matraqueava letra a letra.
Os antigos sábios judaicos escreveram no Talmude e no Zohar que quando morre um homem singular, a data da sua morte abre ciclicamente um alçapão cósmico que nos permite aspirar a imitar as suas qualidades. E o Assis tinha muito que imitar.
Fernando Assis Pacheco morreu como gostariam de morrer muitos escritores: numa livraria. Na Bucholz, em Lisboa. Já lá vão oito anos.»

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