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por FJV, em 26.01.07
||| A fúria do açúcar.
Ontem, o Ministério da Educação anunciava que a TLEBS ia ser suspensa em Fevereiro. Hoje, o Ministério diz que isso só vai acontecer no próximo ano. Na semana passada, o Ministério dizia que não ia suspender nada. É a fúria do açúcar.

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por FJV, em 26.01.07
||| Amapá. S. José de Macapá.












A primeira impressão é a de uma cidade que adormeceu há muito. O avião chega por volta da uma da madrugada e há pouca gente no aeroporto — uma pequena parte das ruas não está asfaltada, mas é por aí que o taxista escolhe o caminho mais curto para o hotel. O hotel não tem telefone no quarto. A rede de televisão AmazonSat transmite sem cessar as imagens das festas de Parintins. Acabaram-se os cigarros — e na roulotte, junto de um jardim em cujo centro também adormeceu há muito um lago sem peixes vermelhos, só vende cerveja. A primeira impressão de Macapá não é famosa, rodeada de pequenas e de grandes florestas, de rios e sombras. E de povoações que relembram colonizações anteriores, como é o caso de Nova Mazagão, para onde foram residir os ocupantes de Mazagão, depois de abandonada a praça portuguesa do Norte de África.
São lugares retirados ao ruído das cidades e ao rumor da sua história. Os portugueses, que mandaram as suas tropas conquistar o território que hoje é o Amapá, recordaram aos seus generais que aqui não devia ficar memória dos ocupantes anteriores. Assim foi feito. Destruiram-se fortalezas e povoações, e ergueram-se outras, anexadas então ao Grão-Pará. Por estes caminhos passou Pedro Teixeira (um personagem fantástico), delimitando a Grande Amazónia do seu e nosso tempo. Por estes campos e por estes rios passaram os primeiros colonos (açorianos, por exemplo) que vieram para cultivar a terra guardada por fortes e praças militares.
Dois dias depois, quando começo a conhecer os restaurantes de Macapá, a saborear a marginal junto da fortaleza de S. José (uma construção imponente — da mesma série da do forte do Príncipe da Beira, só que maior e menos conhecida) e das suas esplanadas, a estrada de pó leva-nos até ao norte, à fronteira com a Guiana e à proximidade do Suriname. São cerca de quinze a dezoito horas, consoante a meteorologia («o rigor da meteorologia...»), mas valeu a pena ter chegado à hora de almoço, depois de muitas paragens para descansar, fotografar e só para parar, apenas em Nova Canaã, uma aldeia suspensa entre um rio e o limite da floresta, de onde uma estrada nos levaria ao parque que confina com o mar — e que é um dos lugares mais raros que se podem visitar.
E há essa curiosidade: em Macapá, ao sul da cidade, está essa linha imaginária do equador, traçada de verdade sobre o meio-campo de um estádio de futebol, o Zerão — de um lado, joga-se no hemisfério sul; do outro, no hemisfério norte. Por isso, com essa omnipresença do equador, não admira que as noites de Macapá tenham a marca de um fogo permanente, de um ferro em brasa que queima só de leve. Ou seja: por um lado, parece o cenário para um western de John Ford, luminoso, tenso, incandescente, com três quartos de céu; por outro, evoca a ausência absoluta de cenário, de seja o que for que tenha a ver com a história, de ruído.

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por FJV, em 26.01.07
||| O cantinho do hooligan. Agora compreende-se.









O FC Porto mereceu perder, mesmo com erros do árbitro e anti-jogo manhoso do Leiria. Agora eu compreendo como se empatou com o Tourizense – foi um resultado e tanto. Dito isto, segurem-se. E bem.

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por FJV, em 26.01.07
||| Feroë, Thorshávn.














Outro dos lugares: Tórshavn a capital das Ilhas Feroë. Os voos estão a 220€ a partir de Reykjavík.

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por FJV, em 26.01.07
||| Terras no Fim do Mundo, 1. Ilhas Sandwich.










Depois do destaque para Tristão da Cunha, o Pedro Freire de Almeida lembrou outra das terras do fim do mundo, as ilhas Sandwich. Acho que vai dar uma série. São lugares onde gostava de ir.

A primeira presença de Tristão da Cunha no Origem das Espécies. E uma crónica já antiga.

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por FJV, em 26.01.07
||| Smoke, don't smoke.
Não sei se esta é a formulação mais correcta da notícia: pessoas com lesão no cérebro não têm vontade de fumar (o título do Público é «Fumadores com lesões no cérebro esqueceram-se da vontade de fumar»). A gritaria que não vai ser: «Quero uma lesão, quero uma lesão!»

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por FJV, em 25.01.07
||| Parlamento.
O parlamento acha que a RTP deve retomar o horário do tempo de antena dos partidos. O PSD, o CDS, o PCP, o BE, o PS e a ERC acham que a RTP deve colocar o tempo de antena às 20h00 ou a seguir ao jornal das 20h00. Não faço ideia, porque raramente vejo. Mas espero que Anatomia de Grey passe antes das 22h00.

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por FJV, em 25.01.07
||| Meter o parlamento dinamarquês na ordem.
A presidente e vice-presidente da comissão de Assuntos Sexuais e Reprodutivos do parlamento dinamarquês gostam de dar lições de moral e indicações de voto. Eduardo Pitta mete o assunto na ordem, e muito bem. Ah, as coisas que eu não gostaria de recomendar que fossem votadas pelos dinamarqueses... Nenhuma decente, é verdade, mas para isso é que servem os dinamarqueses de vez em quando.

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por FJV, em 25.01.07
||| TLEBS, petição.
A petição contra a experiência TLEBS foi hoje entregue por José Nunes na Assembleia da República, Presidência da República, Primeiro-Ministro, Secretário de Estado Adjunto e da Educação. Tinha 8.132 assinaturas contra a insanidade.

Em breve será publicada a portaria que suspenderá a legislação que regulava a TLEBS (portarias n.º 1488/2004, de 24 de Dezembro e n.º 1147/2005, de 8 de Novembro, por exemplo).

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por FJV, em 25.01.07
||| TLEBS. O debate. {Actualizado}
Para quem seguiu o debate ontem à noite sobre a TLEBS, na RTPN, parece evidente que só uma enorme falta de pudor permite que o Ministério da Educação continue com este processo azarado e ridículo (o que foi explicado por João Andrade Peres). A mesma falta de pudor atinge o Dr. João Costa, que deveria demitir-se imediatamente de todos os cargos relacionados com esta «reforma linguística» (os motivos foram explicados, um a um, por Maria Alzira Seixo). Seria uma oportunidade para que as «corporações ideológicas» fossem sacudidas («varridas» seria um excesso) do Ministério.
Entretanto, José Nunes entrega hoje a petição em São Bento e em Belém. Ele deu uma lição.

Adenda: Não, não se trata de perseguição e tenho o maior respeito pelo Dr. João Costa, mas a verdade é que o professor faz, também, parte do conselho científico do Plano Nacional de Leitura.

Adenda 2: ler, entretanto, este excelente reparo de João Paulo Sousa, no Da Literatura.

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por FJV, em 25.01.07
||| Coitado do Zé Dirceu, a quem tudo acontece.
O biógrafo Fernando Morais, autor dos livros sobre Olga Benário e Assis Chateaubriand (o magnífico Chatô, o Rei do Brasil) tinha decidido escrever uma espécie de report sobre «o caso» de José Dirceu, o ex-todo-poderoso ministro da Casa Civil de Lula e cujos direitos políticos foram «cassados» pela Câmara. Já se sabe que lavar ministros como Dirceu é obra. Pois acabam de roubar todos os materiais a Morais e, por consequência, a Dirceu (incluindo um taco de basebol com o autógrafo de Hugo Chávez). Quem tem sorte é Paulo Coelho; liberto (para já) da tarefa de erigir o seu monumento a Dirceu, Morais vai acabar a biografia do autor de O Alquimista. Já é azar.
(Via Gonçalo Soares.)

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por FJV, em 25.01.07
||| Sobre isto ninguém protesta, não é?










Fica exactamente a meio caminho entre Cape Town e Montevideu e a uns precisos 2 333 kms do pedaço de terra mais próximo. Tristão da Cunha foi descoberto por portugueses há quinhentos anos (e logo abandonado por virtude «das suas altas escarpas») -- e é território britânico. Acabo de saber que a partir de Fevereiro deixará de haver transportes regulares para Tristão da Cunha (eram assegurados pelo RMS St. Helena, um navio-correio inglês). Como não existe aeroporto em Tristão da Cunha, a única maneira de chegar a Edinburgh of the Seven Seas consiste em apanhar boleia de um navio pesqueiro sul-africano. Acho isto uma injustiça.

Adenda: O João Moreira, por mail, acrescenta que também Santa Helena e Ascensão foram descobertas por uma armada portuguesa comandada por João da Nova. Sim, João. Mas para aí há transportes. Eu queria era um cacilheiro para Edinburgh of the Seven Seas. Dizem que há lá um pub (o Albatross Inn, o único da ilha), onde a pint custa apenas 60p e a lobster quiche se fica por um euro e meio. O fim destas viagens para Tristão da Cunha devia mobilizar-nos.

Ver texto de Rob Crossan.

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por FJV, em 23.01.07
||| Estado de sítio.
Gripe, mais gripe, trabalho, muita gripe, trabalho, otite, tudo isso. O blog ficou para trás na lista de prioridades. Regressará devagar.

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por FJV, em 15.01.07
||| Ray.







Morreu a Ray Güde-Mertin. O que centenas de autores lhe devem, pelo mundo fora, não pode ser contabilizado. Mais do que agente literária, ela era também amiga de quase todos eles, distribuindo o seu afecto por Portugal, Brasil, Argentina, Uruguai ou na África de língua portuguesa, onde quer que estivesse um dos seus autores. Devo-lhe, por isso, muito -- pelo que fez pelos meus livros e pelo que fez pela minha vida. Acredito que muitos dos seus autores (Saramago, Agualusa, Verissimo, Lins, Zimler, Rosa Mendes, Scliar, Raduan Nassar, João Ubaldo, Tabajara, Lucho Sepúlveda, Mário de Carvalho, Aparaín, Lídia Jorge, Santiago Gamboa, tantos) podem dizer palavras semelhantes. Mas hoje é um dia daqueles.
Um dos seus últimos sonhos foi realizado, quando pôde começar a usar a sua casa do Ceará, dividindo-se entre a casinha do n.º 1 da Friedrichstrasse, em Bad Homburg (quartel-general da sua agência, quartel-general de todos nós), nos arredores de Frankfurt (a cuja universidade Goethe dava colaboração). O governo brasileiro concedeu-lhe recentemente a Ordem de Mérito Cultural -- ela conhecia o Brasil muito melhor do que a maioria dos seus autores brasileiros. A partir de agora não a encontraremos nos bares, botecos, restaurantes, salas de reuniões das feiras onde ela circulava como a nossa agente (Frankfurt, claro, e Londres, Paris, Rio, São Paulo, Buenos Aires, México...). Não poderemos rir com ela. Não irá alojar-se, de novo, no Tivoli Jardim ou no Hotel Eduardo VII, em Lisboa. Das últimas vezes jantámos comida argentina, fomos à Tasquinha da Adelaide. Há dois anos, no meio de uma minha infecção pulmonar, no Rio, organizou um «final de manhã» num apê de Ipanema, a dois passos da General Osório (com o Verissimo, o Pepetela, o Paulinho Lins, o Moacyr Scliar, o Zuenir ou o João Ubaldo) -- melhor do que o tratamento nos tubos e maquinarias do Albert Einstein foi aquele «final de manhã» em que o whisky de João Ubaldo passou para mim e, misteriosamente, me curou (creio que com vantagens). A casinha da Friedrichstrasse, a dois passos do casino histórico de Bad Homburg, deverá conservar sempre aquele ar de museu vivo da literatura de língua portuguesa e espanhola -- de que todos somos devedores -- com os retratos, os manuscritos, as recordações de viagens e, naturalmente, o pessoal da agência, instalada em baixo.
Há uns anos, jantando em Salvador (nessa noite era eu a cozinhar para a minha agente), depois de capirinhas na praia, ela decidiu, com o marido, comprar uma casa no norte do Ceará. Tinha acabado um dos seus tratamentos (sempre dolorosos) e sentiu que podia ser ainda mais feliz a sul do equador. A casa, nos arredores de Fortaleza, lá estará para guardar uma parte da Ray, sendo que outra ficará em Bad Homburg, e no coração dos «seus autores». Da nossa Ray. As despedidas não deviam ser assim, mas são.

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por FJV, em 15.01.07
||| TLEBS.




Não esquecer de assinar a petição contra a TLEBS.

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por FJV, em 09.01.07
||| TLEBS.
O monstro volta a atacar. Só por preguiça não escrevi nada este fim-de-semana sobre as declarações do director-geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular, do Ministério da Educação. Nelas, o dr. Luís Capucha afirma que a TLEBS tem deficiências e que a maior parte delas só se corriguirá depois de serem identificadas «na prática com os alunos», que servirão de cobaias para uma terminologia que «tem deficiências», como reconhece à partida. Apesar disso, o dr. Luís Capucha entende não querer «que a TLEBS seja um corpo estranho nas escolas». É brilhante. Portanto, haverá agora uma comissão que corrigirá as deficiências (onde estará, entre outros, o Prof. Aguiar e Silva), mas o Ministério vai fazer uma «comparação, através dos exames do 9.º e do 12.º ano» entre os alunos que tiveram a TLEBS e aqueles que não a tiveram -- para saber quem deles está melhor a Português (vai ser bonito, vai).
É o corporativismo do ME a funcionar no seu melhor, uns defendendo os outros para que uns e outros não sejam atacados.
Mas há uma passagem atrevida na entrevista com o dr. Luís Capucha; afirma ele: «A TLEBS tem diversos níveis de complexidade e é um instrumento científico. Provavelmente não teria feito sentido que o anterior Governo a tivesse aprovado.» Pergunta a jornalista Barbara Wong: «Discorda dessa decisão?» Volta: «Creio que o Governo PSD-CDS/PP deveria ter incentivado a construção de uma terminologia uniformizada; mas a principal missão do ME seria pegar nesse instrumento científico e transformá-lo em conteúdos passíveis de administração ao ensino.» Mas que tem a ver isto com a jogada à defesa, invocando o Governo PSD-CDS/PP?

[O link fornecido acima está disponível apenas para assinantes, pelo que publiquei a entrevista na íntegra, aqui.]

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por FJV, em 09.01.07
||| O 11 de Março.
Nacionalizar a electricidade e as telecomunicações e pôr fim à autonomia do banco central: Hugo Chávez faz o seu 11 de Março mesmo sem ter um Spínola.

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por FJV, em 09.01.07
||| Censura na net brasileira.
Como, por causa de Cicarelli, se abre um precedente. O juiz Lincon Antônio Andrada de Moura, da 33ª Vara Cível de São Paulo, decidiu que o Brasil (os servidores principais, como BrTurbo, IBest ou o IG) tem de instalar filtros para que os brasileiros não possam ver o vídeo de Daniela Cicarelli na praia com o seu namorado Renato Malzoni. Ou seja, o juiz Lincon acha que os brasileiros têm de pagar pelos deslizes da bruxa. Não espanta. Se Lula quis expulsar jornalistas estrangeiros, por que é que a justiça brasileira não há-de poder imitar a China?

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por FJV, em 08.01.07
||| Cinzento.
Nem está muito frio, nem está frio por aí além. Mas é Inverno. Não tenho essa nostalgia europeia pelo fogo da lareira. Acho que fui feito para passar o mês de Janeiro na Costa Rica, por exemplo.

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por FJV, em 08.01.07
||| Cavaco, a mensagem de Natal e por aí fora.
O artigo desta semana no JN.

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